Jair Bolsonaro - AE
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Por ESTADÃO CONTEÚDO
Minas Gerais - O presidente Jair Bolsonaro voltou nesta quarta-feira a ofender jornalistas durante uma agenda em Ipatinga (MG). Questionado mais uma vez sobre depósitos feitos pelo ex-assessor Fabrício Queiroz para a primeira-dama Michelle Bolsonaro, o presidente chamou, três vezes, um repórter do jornal O Globo de "otário". Outros jornalistas fizeram a mesma pergunta, mas Bolsonaro não respondeu.
O questionamento sobre repasses no valor de R$ 89 mil de Queiroz a Michelle já havia levado o presidente, no domingo passado, a ameaçar um repórter de "porrada". Um dia depois, em um evento sobre a pandemia do novo coronavírus, no Palácio do Planalto, se referiu a jornalistas como "bundões". Ontem, em Minas, Bolsonaro retrucou fazendo perguntas sobre movimentações financeiras da família Marinho, proprietária do jornal O Globo.
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Brazilian President Jair Bolsonaro puts on his glasses during the launch of the new housing program "Casa Verde e Amarelo" (Green and Yellow House) at Planalto Palace in Brasilia, on August 25, 2020. (Photo by EVARISTO SA / AFP) Caption AFP
Jair Bolsonaro Isac Nóbrega/PR
Presidente da República, Jair Bolsonaro Marcos Correa/PR
Chefe do Executivo ameaçou jornalista do jornal O Globo Marcello Casal Jr / Agência Brasil
Jair Bolsonaro Marcello Casal Jr / Agência Brasil
Jair Bolsonaro Marcello Casal Jr/Agência Brasil
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Presidente Jair Bolsonaro Reprodução de TV
Indagado por um repórter do jornal Estado de Minas se estava arrependido pelos recentes ataques feitos à imprensa, o presidente respondeu que a pergunta era "indecente". "O dia em que eu for elogiado pela imprensa, podem saber que o Brasil está indo mal", disse Bolsonaro.
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Sem máscara, ele voltou a causar aglomeração ao posar para fotos com funcionários da Usiminas, onde participou de cerimônia de reativação de um alto-forno. Ipatinga é a terceira cidade de Minas em número de casos de covid-19, de acordo com informações da Secretaria da Saúde do Estado.
No evento, Bolsonaro também afirmou que a melhora em sua popularidade, segundo recente pesquisa, se deve ao auxílio emergencial pago durante a pandemia. "O povo reconhece e sabe que um dia tem um fim. Agora, é o tal negócio. Passamos por tantos problemas no passado e nenhum outro presidente lembrou do povo para dar uma aspirina sequer", disse.
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Bolsonaro, no entanto, declarou que o dinheiro não é dele. "É endividamento. Por cinco meses demos R$ 600. Pretendemos dar, ao final do ano, uma importância um pouco abaixo disso", afirmou. O presidente voltou a dizer que o auxílio custa R$ 50 bilhões por mês e que tem de ter um "ponto final". Repetiu, ainda, que o valor dos próximos pagamentos ficará entre R$ 200 e R$ 600.
O presidente desembarcou em Minas com quatro ministros. Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Bento Albuquerque (Minas e Energia), Braga Netto (Casa Civil) e Marcelo Álvaro Antônio (Turismo). No discurso, Bolsonaro afirmou que em seu governo, pela primeira vez, os ministros foram escolhidos por critérios técnicos. "Assim se para a corrupção na raiz."
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'Ipatinga, né?'
Bolsonaro e o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), participaram da cerimônia na Usiminas vestidos com uniformes da empresa. O equipamento reativado havia sido desligado em abril por causa da baixa demanda por aço depois do início da pandemia. O alto-forno 2 também foi paralisado e ainda não há data para retomada de seu funcionamento.
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Na BR-381, na entrada de Ipatinga, uma faixa com a frase "O Vale já é poluído demais. Fora Bolsonaro" foi colocada em um viaduto. A chegada da comitiva presidencial, no entanto, ocorreu por outra parte da cidade. Na portaria da Usiminas, Bolsonaro foi recebido por um grupo de apoiadores.
Ao fim da cerimônia na empresa siderúrgica, ao se despedir, o presidente tentou mencionar o nome da cidade, mas ficou em dúvida. Olhou para trás, onde estavam outros participantes do evento, e perguntou: "Ipatinga, né?".
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Democracia no Brasil é 'resiliente', afirma Barroso
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, disse ontem que, apesar dos "tempos difíceis", a democracia brasileira tem se mostrado "resiliente". "Temos um presidente que defende a ditadura e a tortura, e ninguém jamais considerou alguma solução diferente do respeito à igualdade constitucional", afirmou o ministro durante um debate virtual promovido pela Fundação Fernando Henrique Cardoso.
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Sobre recentes ataques do presidente Jair Bolsonaro a jornalistas, Barroso declarou que "a imprensa no Brasil é plural, independente e fortemente crítica do governo, tanto este, como dos governos anteriores". "Uma coisa que acho que contribui com esta resiliência da democracia no Brasil é justamente a liberdade, independência e até o poder da imprensa "