Bolsonaro, Esther e mais pessoas que fizeram parte da live do presidente nesta quinta-feira - Reprodução
Bolsonaro, Esther e mais pessoas que fizeram parte da live do presidente nesta quinta-feiraReprodução
Por iG - Economia
São Paulo - Ao lado de uma criança de 10 anos, a youtuber mirim Esther, o presidente Jair Bolsonaro voltou a defender o trabalho infantil, proibido por lei, durante a live semanal realizada nesta quinta-feira. O presidente também fez piadas gordofóbicas e sobre misoginia na companhia da garota.
Durante a live, Bolsonaro contou história que disse não saber se era verdadeira ou não para reforçar sua posição favorável ao trabalho infantil, já explicitada em outras ocasiões. "Tem uma história que não apurei se é verdade ou falsa, mas tá na internet. […] Um garoto com caixa de engraxar, ele foi no relojoeiro para comprar 1 presente para o pai. O relojoeiro deu pra ele, devolveu o dinheiro, e parece que alguém do Ministério do Trabalho notificou o dono dizendo que estava fazendo apologia ao trabalho", disse o presidente.
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Bolsonaro se referiu ao caso recente de um menino da cidade de Catalão, no interior de Goiás, que quis comprar um relógio de presente para o tio no Dia dos Pais, já que ele o considera como pai, segundo a família. O dono não cobrou a criança pelo relógio e disse ao menino que seguisse trabalhando e então foi convocado a prestar esclarecimentos pelo Ministério Público do Trabalho. "Deus tem projeto na sua vida, que Deus vai te fazer um grande homem e que o trabalho dignifica", falou o dono ao menino.

O presidente usou da oportunidade para levantar sua bandeira a favor do trabalho infantil. "Deixa o moleque trabalhar. Eu trabalhei, aprendi a dirigir com 12 anos. Molecada quer trabalhar, trabalha. Hoje, se está na Cracolândia [em São Paulo], ninguém faz nada com o moleque", lamentou.

A youtuber mirim também defendeu "começar cedo" ao lado de Bolsonaro. Segundo Esther, seus pais trabalham desde crianças e ela diz ter começado como repórter aos 6 anos, algo de que teria orgulho. O presidente sorriu, brincou com a garota e voltou a reforçar sua posição, dizendo "deixa a molecada trabalhar".

No Brasil, o trabalho só é permitido para adolescentes a partir dos 16 anos. O trabalho infantil é proibido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que autoriza trabalho na categoria de aprendiz a partir dos 14. Antes da eleição para presidente, durante a campanha eleitoral, Bolsonaro já defendeu que o ECA, que protege as crianças e adolescentes no País, fosse "rasgado e jogado na latrina".

Durante evento da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) em agosto, o presidente também defendeu o trabalho infantil. Ele relatou que trabalhou em um bar aos 12 anos e disse: "Bons tempos, né? Onde o menor podia trabalhar".

Gordofobia e misoginia

"Estou vendo na internet que hoje é o Dia do Gordinho. É verdade? O gordinho pode salvar a tua vida ou não?", perguntou Bolsonaro à youtuber mirim de 10 anos.

"Pode", respondeu a menina, sendo interpelada pelo presidente: "Mas como?". "Tipo assim. Surge um urso, aí a gente corre, corre, corre. Quem vai correr mais?", rebateu a criança. O presidente então responde: "O gordinho. E vai salvar a tua vida. Se for comer o Tarso, vai ser muita gordura. O urso vai passar mal", disse Bolsonaro, aos risos, referindo-se a uma das pessoas de sua equipe.

Brincando com a garota durante a live, o presidente contou sobre quando foi chamado de misógino pela primeira vez. "Eu confesso. A primeira vez que gritaram 'misógino' para mim eu não sabia. Tinha um assessor do lado: 'Pega aí rapidinho na internet o que é misógino para saber se estou sendo xingado ou elogiado'", disse Bolsonaro.

Depois ele interagiu com os demais presentes para repetir a experiência. "Você sabe o que é misógino? Hélio Negrão, você sabe o que é misógino? Pisou na bola. Deixa eu pegar outro pau de arara aqui", disse. "Mozart, o que é misógino? Você é misógino, Mozart? Se você não gosta de mulher, você gosta de homem, então. Eu fiquei sabendo naquele momento", brincou.

"Então, se eu não gosto de mulher, é sinal de que eu gosto de homem. Quem não gosta de mulher gosta de homem, é isso?”, perguntou Bolsonaro à Esther. A criança respondeu: "Mas é feio isso aí. Tem que ser certinho, gente, para vocês terem um futuro bem legal lá na frente".