ONU adota resolução pedindo igualdade no acesso às vacinas
 - AFP
ONU adota resolução pedindo igualdade no acesso às vacinas AFP
Por Letícia Moura e Marina Cardoso
São Paulo - O Instituto Butantan solicitou o uso emergencial da Coronavac à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), nesta quinta-feira. Os estudos clínicos apontaram 78% de eficácia em casos leves durante a fase de testes no país. Contra casos graves e moderados, o imunizante obteve 100% de eficácia. No Brasil, a Coronavac é a primeira vacina contra covid-19 que teve o uso emergencial solicitado à Anvisa. 
Segundo o governador João Doria, está mantida a previsão de iniciar a vacinação no dia 25 deste mês, no Estado de São Paulo. "O objetivo é fornecer a vacina para todo o Brasil por meio do Ministério da Saúde", disse o governador em entrevista coletiva nesta quinta-feira.
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Doria ainda ressaltou que o intuito é fornecer a vacina do instituto para todo o Brasil, por meio do Ministério da Saúde. "São Paulo cooperando para salvar vidas os brasileiros de todo o país. É um momento histórico, que nos orgulha. Hoje é o dia da esperança, hoje é o dia da vida. A vacina do Butantan é a vacina de SP, é a vacina do Brasil", pronunciou o governador de SP.
De acordo com o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, no Brasil, participaram do estudo 12.476 profissionais de saúde da linha de frente à covid-19. "A vacina do Butantan é eficaz e a única disponível hoje para o controle da pandemia no Brasil. E está entre as vacinas mais seguras do mundo", afirmou. 
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Segundo o Governo de São Paulo, entre os imunizados ao longo dos testes clínicos e que contraíram o vírus, nenhum apresentou caso grave ou moderado da doença nem precisou de internação. "Ou seja, quem tomar a vacina do Butantan estará com a saúde protegida e chances mínimas de agravamento da covid-19", avaliou o governo paulista.
Na coletiva, as autoridades disseram que a taxa de 78% foi para os infectados que apresentaram casos leves ou precisaram de atendimento ambulatorial. Isso significa que a cada cem voluntários que contraíram o vírus, somente 22 tiveram apenas sintomas leves, mas sem a necessidade de internação hospitalar.
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“A vacina mostrou 100% de eficácia contra casos graves e moderados. Não houve nenhum caso grave de covid-19 entre os voluntários imunizados com a vacina do Butantan”, explicou Covas. 
O que diz a Anvisa
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Em nota, a Anvisa afirmou que a equipe técnica do Instituto Butantan apresentou informações, por meio do power point, referentes à eficácia e à segurança da vacina, porém que ainda não houve submissão do pedido de uso emergencial pelo instituto.
"A reunião de pré submissão é uma estratégia que segue a prática de outras autoridades regulatórias do mundo. Esta reunião é feita antes do envio de pedido formal de qualquer laboratório para dar conhecimento prévio do projeto de vacina e otimizar os direcionamentos técnicos e legais. A análise formal da Anvisa começa a partir da chegada do processo com informações globais sobre a vacina", disseram. 
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Na nota, ainda anunciaram que os representantes vão agendar nova reunião para prosseguir no detalhamento das informações e dados. Já na coletiva desta tarde, Covas pontuou que a reunião é o primeiro passo para o pedido, mas que uma nova reunião já foi agendada para esta tarde. Já sobre o registro definitivo será feito pelo laboratório chinês, mas não divulgou uma data exata.
Instituto Butantan e governo de São Paulo durante coletiva que anunciaram eficácia de 78% da vacina CoronaVac, nesta quinta-feira, dia 07 de janeiro  - Divulgação
Instituto Butantan e governo de São Paulo durante coletiva que anunciaram eficácia de 78% da vacina CoronaVac, nesta quinta-feira, dia 07 de janeiro Divulgação
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CoronaVac
A vacina Coronavac foi desenvolvida em parceria com o laboratório chinês Sinovac Life Science. O acordo foi firmado no dia 10 de junho do ano passado. Para a produção, o Butantan concluiu a contratação de 124 profissionais para reforçar produção da vacina contra o coronavírus. Esses trabalhadores se juntaram aos 245 que já trabalhavam no local. Foram contratados 69 auxiliares de produção, 53 técnicos de produção e dois tecnologistas.
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Além do Butantan, o estudo também foi coordenado em 16 centros de pesquisa científica de São Paulo, Distrito Federal, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro.
O governo de SP prevê a compra total de 46 milhões de doses, sendo 6 milhões já prontas e 40 milhões que processadas no Brasil a partir de matéria-prima chinesa. Até agora, o governo paulista recebeu da China  10,8 milhões, referente aos lotes de doses da vacina já prontas e insumos para produção da imunização em solo brasileiro.
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Eficácia
O anúncio do percentual da eficácia estava programado para o dia 23 de dezembro, mas não foi revelado na data após mais um adiamento. Inicialmente, estava programado para o dia 15 de dezembro. No dia 23, Covas havia ressaltado que tinha sido um pedido do SinoVac, previsto em contrato. O objetivo é que antes os dados sejam comparados a resultados de análises em outros países. Isso porque o laboratório pretende evitar que a vacina tenha porcentagem distinta em diferentes lugares. 
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"Essa solicitação da Sinovac tem respaldo no contrato. Por isso, só podemos divulgar o número em conjunto, e iremos fazer no tempo oportuno. Esperamos que seja o mais rápido possível", explicou ele.
No final do ano passado, a Turquia divulgou ter chegado ao percentual de 91,25% de eficácia da Coronavac em testes preliminares feitos com cerca de 1,3 mil voluntários.
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"Vacina da China"
Desafeto de Doria, o presidente da República, Jair Bolsonaro, questionou diversas vezes a eficácia do imunizante que chamou de "vacina da China". No mês passado, Bolsonaro zombou dizendo que "parece que a eficácia da vacina em SP está lá embaixo". "Não vou divulgar percentual aqui, porque se eu errar 0,001% eu vou apanhar da mídia, mas parece que o porcentual tá lá embaixo levando-se em consideração a outra", disse em transmissão ao vivo na época.
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Em novembro, o chefe de Estado atacou novamente a Coronavac: “A gente pede a Deus que seja encontrada uma vacina eficaz e não como alguns populistas querem uma vacina a toque de caixa para obrigar todo mundo a tomar a vacina”, declarou Bolsonaro, criticando Doria. Em pronunciamento na noite desta quarta-feira, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, reforçou que a vacina será gratuita, mas não obrigatória.
Em outubro, Bolsonaro afirmou que o governo brasileiro não compraria a Coronavac. Na ocasião, ele respondeu ao comentário de um apoiador no Facebook que dizia: "Presidente, a China é uma ditadura, não compre essa vacina, por favor. Eu só tenho 17 anos e quero ter um futuro, mas sem interferência da Ditadura chinesa". Bolsonaro, então, publicou que a vacina "não será comprada".