Homens também relataram disfunção sexual e dor nos testículos - Pixabay
Homens também relataram disfunção sexual e dor nos testículosPixabay
Por *Gustavo Vicente
Rio - Não faltam notícias sobre efeitos colaterais do novo coronavírus e os últimos informes assustaram especialmente os homens. Estudos publicados recentemente na plataforma MedRxiv, da prestigiada Universidade de Yale, nos Estados Unidos, falam em diminuição do desejo sexual, dificuldades de ereção e até mesmo a redução do tamanho do pênis. A pesquisa foi feita por voluntários e membros de um grupo de apoio que, desde abril, se dedica a investigar os efeitos de longo prazo da covid-19, e ainda precisa ser revisto por pares.
O estudo começou a investigar as consequências que o vírus pode deixar no corpo das pessoas há sete meses, e foi conduzido com mais de 3 mil pacientes de 56 países. Além de 3% dos homens terem relatado uma diminuição no tamanho de seu órgão genital, 15% deles relataram algum tipo de disfunção sexual e 11% relataram dor nos testículos.
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O professor de Urologia da Unirio, André Cavalcanti, destaca que existe, sim, relação entre a saúde sexual e a covid-19. O médico explicou ao DIA que receptores para o vírus estão presentes em células do testículo, podendo gerar alterações dos níveis hormonais que podem levar ao hipogonadismo, uma doença na qual os testículos não produzem quantidades adequadas de hormônios sexuais, como a testosterona nos homens.
Já o urologista José Alexandre Araújo salienta que o novo coronavírus afeta de forma significativa o sistema cardiovascular e esse sistema, quando alterado, tem relação direta com o desempenho sexual.
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"Caso o paciente tenha alguma sequela, como fibrose pulmonar e, considerando que o sexo tem esforço físico, com certeza tem relação. Mas a partir do momento que voltar ao seu padrão físico normal, você pode ter até alguma relação, mas não relacionada diretamente ao sexo, mas sim à falta de disposição física pra praticá-lo", relatou o médico.
Problemas com ereção
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Pessoas que desenvolveram diabetes, hipertensão, obesidade e doenças cardiovasculares, quando infectados pelo vírus, apresentam maior chance de progredir para formas graves da covid-19. Essas doenças estão relacionadas a processos inflamatórios crônicos e disfunção do endotélio, que é a camada que reveste a parede interna dos vasos sanguíneos. O endotélio, que tem ligação direta com a ereção, é afetado quando se contrai a covid-19 e pode gerar disfunção erétil.
Covid-19 pode encolher o pênis?
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O urologista José Alexandre cita que a covid-19 não tem relação com a diminuição do tamanho do pênis e afirma que, para que o órgão sofra de atrofia, seria necessária a falta de estimulo nervoso na região, algo que cada indivíduo pode realizar através da masturbação como uma espécie de fisioterapia.
"Caso o paciente fique sem utilizar o pênis, por exemplo, pra estimular a enervação e a ereção ele vai ter uma baixa de oxigenação na região e consequentemente uma atrofia do pênis. Por exemplo, os homens que têm câncer de próstata e não operam, mas tem que fazer bloqueio hormonal pra segurar o crescimento do tumor, sofrem com o corte da produção da testosterona. Com isso, o paciente fica sem desejo nenhum e tem uma atrofia do pênis e junto dessa atrofia a disfunção erétil", diz.
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O desejo sexual pode ser afetado a longo prazo?
José Alexandre contraiu o novo coronavírus em março e relatou que perdeu 8kg em uma semana. Apesar da sensação de fraqueza que inúmeros pacientes sofrem quando se contaminam com a doença, ele sintetiza que ter problemas com a líbido não é algo comum.
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"Eu conheço centenas de pessoas que tiveram covid e pelo menos neste momento, não teve nada disso. Obviamente que durante o período em que você está doente você não quer fazer nada, já que está mal. Mas depois que passa tudo volta ao normal nesse quesito", relatou.
Já André Cavalcanti observa que como o novo coronavírus é uma doença que está sendo analisada dia após dia, ainda é necessário cautela e observação constante para que se descubra os reais efeitos a curto, médio e longo prazo após a recuperação no cotidiano do infectado. 
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"A grande questão é: serão todos os pacientes ou os que tiveram a condição mais grave da doença que sofrerão com isso? As dificuldades serão momentâneas ou afetarão a longo prazo? Devemos ficar de olho a longo prazo de forma cuidadosa para podermos responder essas perguntas", finalizou o professor.
*Estagiário sob supervisão de Thiago Antunes