Ela foi deixada para trás após a clínica ser evacuada por conta de um incêndio - Reprodução
Ela foi deixada para trás após a clínica ser evacuada por conta de um incêndioReprodução
Por O Dia
Rio - Após se internar em uma clínica de estética no Taboão da Serra, em São Paulo, para realizar o sonho de colocar silicone, Lorena Muniz, uma mulher trans, morreu ao ser abandonada inconsciente durante um incêndio. O caso aconteceu na última quarta-feira, quando Lorena, de 25 anos, chegou a ser socorrida pelo Corpo de Bombeiros e encaminhada ao Hospital das Clínicas, mas não resistiu e faleceu de morte cerebral na madrugada deste domingo. 
Segundo Washington Barbosa, marido de Lorena, a vítima estava sedada depois de ter feito uma cirurgia para implantar próteses de silicone, quando um incêndio começou na clínica e todos evacuaram o local, a deixando para trás. Ela chegou a inalar muita fumaça e ficou inconsciente por sete minutos antes de ser socorrida. Os dois moravam em Recife e a jovem tinha ido à capital Paulista apenas para a cirurgia. 
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"Não é só o absurdo de uma travesti abandonada numa mesa de cirurgia sedada, é um processo de exclusão que leva as pessoas trans e travestis a se arriscarem em muitos níveis. Escrevo essa nota de coração apertado, porque não é possível dimensionar como estou nesse momento. Dentre muitas outras coisas, Lorena é meu amor! Conseguem entender isso? Digo isso porque sabemos que não é novidade que a sociedade é terrível quando estamos falando de pessoas trans e travestis", lamentou Washington. 
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O ocorrido tem sido denunciado por ativistas nas redes sociais, que alegam que o caso da vítima não é isolado na comunidade trans. Entre as figuras que estão repercutindo a fatalidade, está a deputada estadual de São Paulo Erica Malunguinho (Psol). 
"Não tenho muitas palavras diante da atrocidade que é o caso ao qual Lorena foi submetida. É uma realidade que, inclusive, também pode prejudicar pessoas que não são trans. É fundamental que os órgãos competentes fiscalizem esses locais", escreveu Erica. 
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"Não devemos medir esforços para traçar uma estratégia jurídica e política para que a clínica, localizada em Taboão da Serra (SP), e seus braços em outras cidades, sejam investigados e responsabilizados, bem como os profissionais responsáveis pelos procedimentos. É indignante, mas não podemos permitir a espetacularização da morte por negligência médica e permitir que o ocorrido com mais uma travesti passe impune", finalizou.