A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), investiga um homem suspeito de cometer os crimes de cárcere privado, violência física e psicológica, após uma mulher, de 27 anos, entregar um bilhete escrito em um extrato bancário, informando sobre violência doméstica e pedindo socorro. O caso aconteceu no Distrito Federal. As informações foram apuradas pelo Estado de Minas.
“Você pode me ajudar? Ele está aí fora”, escreveu a mulher no papel de um extrato bancário. O funcionário que recebeu o bilhete relatou a situação e disse que “ela (vítima) estava nervosa, com medo e assustada”, contou funcionário que preferiu não se identificar.
Na tarde de segunda-feira (1°), o casal foi junto até a agência bancária de Sobradinho, para sacar o auxílio Bolsa Família. O servidor do banco disse que estava no caixa e que reagiu com surpresa no momento em que recebeu o bilhete. “Eu levei um susto na hora, li o que estava escrito e decidi manter a calma para saber o que podia fazer”, disse. Na mensagem, a jovem escreveu: “Você pode me ajudar? Ele está aí fora”. A mensagem veio acompanhada por um “X”, marca usada por vítimas de violência doméstica.
Com isso, o funcionário pediu para que a mulher escrevesse mais informações em um novo papel, com os seus dados pessoas. E lá ela informou que morava no Condomínio Mestre D’armas, em Planaltina.
“Se os policiais baterem, ele não vai atender. É para os policiais insistirem, pois ele vai fingir que não está em casa. Não posso passar telefone. Ele pode atender”, finalizou a vítima, na mensagem. Devido à pandemia, apenas uma pessoa pode entrar na agência. O servidor conta que o homem estava do lado de fora da agência, esperando pela mulher. “O celular dela não parava de tocar. Na linha, uma pessoa perguntava se ela já tinha sido atendida, provavelmente era ele. E ela estava muito nervosa e assustada”, conta.
Com o papel com todas as informações da vítima, o servidor procurou outros colegas no banco para contar sobre o ocorrido e pedir ajuda. Uma funcionária, que também preferiu não se identificar, acionou as autoridades na manhã de terça-feira (02).
“Conheço uma colega policial e não pensei duas vezes em chamá-la. Faço um trabalho social em Planaltina e estou acostumada a receber relatos de agressões a mulheres. Mas essa foi uma situação atípica. Imagina, no meu local de trabalho, receber um pedido de ajuda. Pegou todo mundo de surpresa. Na hora, ficamos sem saber como agir. Até porque, há uma falta de treinamento e conhecimento”, afirmou.
Após a denúncia, policiais militares do grupo de Prevenção Orientada à Violência Doméstica e Familiar (Provid), foram até o local escrito pela vítima no bilhete. Lá, eles contaram que estariam investigando um possível caso de cárcere privado. Porém, no primeiro instante não encontraram nem o acusado e nem a vítima no endereço. Na segunda visita, eles conseguiram resgatar a mulher e seus dois filhos, de um e cinco anos.
O acaso é apurado pela 16ª Delegacia de Polícia (Planaltina). Prestando seu depoimento, a vítima confirmou as situações e pediu que uma medida protetiva fosse desenvolvida contra o homem. “Vamos apurar as condições de cárcere privado, violência física e psicológica”, ressaltou o delegado-chefe da 16ª DP, Diogo Cavalcante.
A mulher e seus dois filhos foram levados a Casa Abrigo, local que acolhe mulheres em situações de violência que correm risco de vida. Casal ficou junto por cerca de cinco anos, com o relacionamento entre idas e vindas. Até o momento, ninguém foi preso.