Rio de Janeiro tem 3º dia mais letal desde o início da pandemiaMarcello Casal Jr/Agência Brasil

Por O Dia
Em meio à previsão do Ministério da Saúde, de que o Brasil deve ultrapassar as três mil mortes diárias por covid-19 nas próximas duas semanas, a pesquisadora em Saúde da COPPEAD/UFRJ Chrystina Barros, considera que "dizer que vão morrer três, quatro ou cinco mil pessoas por dia é uma especulação mórbida". Segundo ela, de fato, ninguém tem a certeza de quanto será.
A especialista indica que o atual momento, na série histórica do país, já está configurado como o pior desde o início da pandemia. No entanto, de acordo com ela, não dá para estimar o cenário no futuro. "Se nada for feito, abril tem tudo para ser pior do que março e, assim, infelizmente, de maneira sucessiva", enfatiza.
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Para a pesquisadora, "infelizmente, nós, inclusive, banalizamos as mil mortes por dia. Talvez, agora, a gente olhe quase de que uma forma saudosa, se é possível dizer isso, no momento que os recordes chegam perto dos dois mil óbitos diários". Nesta quinta-feira, o Brasil registrou 1.699 novas mortes em decorrência do vírus nas últimas 24 horas, segundo dados do Ministério da Saúde.
Barros lembra ainda sobre a carência de amparo do governo no enfrentamento ao coronavírus. "Nos falta um controle epidemiológico adequado, uma política de restrição de circulação baseada nesta vigilância epidemiológica, e, é claro, um suporte econômico. Em nenhum momento, a saúde desconsidera a importância da economia.
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"Pessoas sem emprego têm os chamados 'determinantes sociais mais desfavoráveis' que as expõe às faltas de alimentação, saneamento e condições de ter saúde. É por isso que países fazem um suporte, literalmente, na casa de trilhões de dólares, para que as pessoas possam sobreviver. Se elas não estiverem vivas e saudáveis, a economia não gira", adverte. 
Devido à lentidão da vacinação contra o coronavírus no país, Barros pondera que as medidas restritivas são fundamentais para salvar vidas neste período. "A vacina, que será a nossa solução, está vindo, literalmente, a conta gotas. Enquanto os Estados Unidos vacinam dois milhões de pessoas por dia, nós aqui, em mais de um mês de campanha, não temos oito milhões de brasileiros sequer com a primeira dose", esclarece, acrescentando sobre a importância da segunda dose para a imunização contra o vírus.