Segundo o presidente do ICTIM, Celso Pansera, a elaboração do novo pedido contou com a participação do virologista Amilcar Tanure (da UniRio) e o infectologista Marcelo Velho (da UFRJ), ambos com experiência no monitoramento de vírus como o Ebola e o HIV. Ele afirma também que o município já dispõe de uma logística pronta para importar as doses e também de um local para o armazenamento adequado, dentro dos níveis de refrigeração exigidos para esta vacina.
“O cenário nacional mostra nitidamente que o Plano Nacional de Imunização não está sendo cumprido e, neste caso, a lei n° 14.124 de 2021 permite aos entes públicos, sejam estados ou municípios, que importem a quantidade que precisam de imunizantes. Precisamos que nos liberem a trazer o primeiro lote de 25 mil doses, para que façamos o acompanhamento e, no caso de uma reação negativa, sigamos o plano de contingenciamento estabelecido. É melhor o risco de a vacina dar errado do que a realidade que temos hoje na cidade, que é de 378 mortes. Esse será o nosso argumento. Queremos vacinar a população de forma maciça”, frisou Pansera, lembrando que a Argentina, por exemplo, aplicou cerca de 6 milhões de doses da Sputnik sem qualquer informação de reações adversas.
Se o pedido for deferido desta vez, a previsão é que este primeiro lote com 25 mil doses chegue à cidade em julho. Para agosto, estão previstas outras 75 mil doses. O cronograma prevê ainda outros cinco lotes com 70 mil doses cada entre setembro e janeiro de 2022, finalizando com outras 50 mil em fevereiro.
A decisão da Anvisa desfavorável ao primeiro pedido de importação feito pela Prefeitura de Maricá foi proferida no dia 24 de abril, o que não esmoreceu o município no propósito de adquirir o imunizante. O principal argumento da agência para a negativa foi a acusação de que a vacina russa usa os chamados adenovírus (vírus inofensivos) sem garantia de que estes não possam se replicar dentro do organismo humano. A possibilidade, capaz de alarmar a população, foi fortemente rechaçada pelo Centro Gamaleya, que produz a vacina. Segundo o fabricante, é feito um controle rigoroso dos locais de produção que confirmou que nenhum Adenovírus Competente para Replicação (RCA) foi encontrado em qualquer dos lotes da Sputnik V produzidos.
Com uma eficácia de 91,7% foi atestada em estudo científico publicado na revista The Lancet, a Sputnik V apresentou resultados ainda melhores em pesquisa de campo realizada junto a 3,8 milhões de russos que receberam as duas doses do imunizante. De acordo com o instituto, a eficácia no campo real passou para 97,6% neste acompanhamento mais preciso. Da mesma forma, a aplicação em mais de 60 países, o que eleva o grupo de imunizados a quase 1 bilhão de pessoas, não vem sendo acompanhada de relatos de efeitos colaterais que justifiquem a decisão do órgão sanitário brasileiro pelo viés sanitário. Além da Argentina, a Hungria também utilizou 200 mil doses do imunizante russo, com uma resposta superior à de outras plataformas.
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