No áudio, o empresário reclama até de ter sido "humilhado" em uma reunião com o presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres, na semana passada, pela forma como foi levado ao carro após a conversa. "Parece que é um criminoso alguém que quer trazer a vacina ao Brasil, que está sendo usada pelos russos, independente, em mais de 40 países", diz.
Apesar da acusação de Marques, o próprio governador Doria já demonstrou interesse em comprar 20 milhões de doses justamente do imunizante russo. Além disso, governadores do Consórcio do Nordeste fecharam um contrato de 37 milhões de vacinas Sputnik, que serão adquiridas diretamente com o Fundo Russo de Desenvolvimento Direto (RDIF). O grupo inclui nomes de partidos que, na versão de Marques, seriam favorecidos com suposto complô na Anvisa, como Camilo Santana (PT), de Pernambuco, e Wellington Dias (PT), do Piauí, e Flávio Dino (PCdoB), do Maranhão.
Em novembro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegou a participar de reunião com o fundo russo que representa a vacina, como revelou O Globo. "Isso é de interesse nacional. O presidente da República, ministro da Saúde, chanceler, deveriam ter ligado à Rússia pedindo para compartilhar os dados com a Anvisa", afirma o ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha (PT-SP), atual deputado federal, que acompanhou essa reunião junto de Lula.
A União Química confirmou a autenticidade do áudio. Disse que a fala foi feita em momento de "desespero" do empresário. Por meio de sua assessoria de imprensa, porém, afirmou que a intenção não era que chegasse a Bolsonaro, apesar de Marques iniciar a mensagem tratando o interlocutor como "presidente" e se apresentando como "empresário do ramo farmacêutico". "Fernando de Castro Marques, como cidadão, fez um desabafo emocionado ao também empresário brasileiro Luciano Hang, presidente da Havan, ao qual trata de 'presidente', sobre a enorme barreira para viabilização da vacina Sputnik no Brasil", diz a empresa.
Análise na Anvisa
A União Química protocolou o pedido de uso da Sputnik V em 15 de janeiro. A Anvisa afirma que no dia seguinte cobrou do laboratório a apresentação de documentos "imprescindíveis" para a análise. "Por fim, no dia 18 de março, a Anvisa reiterou no processo a necessidade de complementação da documentação. Até o momento, a Anvisa não recebeu nenhuma documentação complementar que foi solicitada na exigência", diz a Anvisa.
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