Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles
Ministro do Meio Ambiente, Ricardo SallesAgência Brasil
Por iG Último Segundo
Rio - A Polícia Federal identificou operações financeiras suspeitas por parte do ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles. Elas teriam acontecido durante o período em que o advogado chefia a pasta no governo do presidente Jair Bolsonaro e realizadas a partir do escritório de advocacia que ele tem em sociedade com a mãe. O apontamento da PF ocorre em documentos da investigação sobre o envolvimento do ministro em suposta prática de crimes na exportação de madeira ilegal. As informações são da Folha de S. Paulo.

A suspeita consta em relatórios que embasam a Operação Akuanduba, deflagrada na última quarta-feira (19), com a autorização do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Salles e o presidente do Ibama, Eduardo Bim, são investigados na operação.
A PF em Brasília fez uso de relatórios de inteligência financeira produzidos pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras). Documentos da polícia trazem pormenores dos relatórios de inteligência financeira, chamados RIFs. Moraes autorizou a polícia a ter acesso à íntegra desses relatórios referente a Salles. Segundo as investigações, há “fortes indícios de envolvimento” do ministro em esquema de facilitação ao contrabando de madeira ao exterior.

Ainda segundo a PF, o RIF relacionado ao ministro “aponta para operações suspeitas, realizadas nos últimos dois anos, por intermédio do escritório de advocacia em que o ministro Ricardo Salles é sócio com sua genitora”.

“Obviamente a obtenção dos respectivos anexos e dados mais completos dependerá da autorização judicial emitida por esse STF, mas cremos que a confirmação da simples existência de operações suspeitas a cargo do ministro Salles, no mesmo período dos fatos em apuração, com os demais elementos, permitem que sejam apreciados os pedidos”, afirma a polícia.
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Em nota, o ministério afirmou que “não há como se defender de algo que não se conhece” e que “até o momento, o ministro não teve acesso ao inquérito, e tampouco a reportagem indicou quais são os fatos a esclarecer”.
Advogado de Salles, Fernando Augusto Fernandes disse que “Há um claro propósito político para induzir o STF em erro" e uma mistura de fatos anteriores com fatos que não são criminosos. Segundo Fernandes, as movimentações financeiras do escritório que integra já foram objeto de investigação anterior, com esclarecimentos ao Ministério Público.

Movimentações anteriores
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A Justiça já havia determinado a quebra do sigilo bancário do escritório de advocacia ligado ao ministro no ano passado a pedido do MP. A ordem judicial incluiu a mãe de Salles, sócia dele.

A quebra ocorreu no âmbito de um inquérito civil aberto pela Promotoria para apurar a suspeita de enriquecimento ilícito e lavagem de dinheiro no período em que Salles comandou a Secretaria de Meio Ambiente do governo Geraldo Alckmin (PSDB).

De acordo com o MP, Salles movimentou, entre 2012 e 2017, cerca de R$ 2,8 milhões da conta de seu escritório para sua conta pessoal. Os investigadores afirmaram no pedido enviado à Justiça haver discrepância entre a movimentação financeira e declarações de imposto de renda.

Na Operação Akuanduba, a PF aponta operações financeiras suspeitas de outros cinco investigados, além de Salles. São eles, Olivaldi Alves Borges que foi diretor de Proteção Ambiental no Ibama e secretário no ministério; João Riograndense Júnior e Artur Vallinoto, analistas do Ibama; e as empresas Ebata Produtos Florestais e Tradelink Madeiras.