Imagens mostram trechos de uma reunião ocorrida em 8 de setembro de 2020 Reprodução
Os trechos divulgados destacam o aconselhamento, principalmente, em relação ao uso da hidroxicloroquina – medicamento sem comprovação científica de eficácia contra a Covid-19 – no tratamento da doença e contra as vacinas.
"Uma honra trabalhar com o senhor neste período", afirma Nise Yamaguchi em determinado momento ao deputado Osmar Terra, apontado como uma espécie de guia. Em depoimento à CPI da Covid no Senado, a médica negou a existência de um 'gabinete paralelo' e disse que apenas prestava "aconselhamento".
Em outro trecho, Bolsonaro faz questão de que o virologista Paolo Zanoto saia da plateia e sente ao seu lado. Zanoto diz para o presidente tomar "extremo cuidado" com as vacinas que estavam sendo produzidas: "Não tem condição de qualquer vacina estar realisticamente na fase 3". Na ocasião, a farmacêutica Pfizer já havia mandado e-mails com propostas de imunizantes ao Ministério da Saúde e estava sem respostas.
"Com todo respeito, eu acho que a gente tem que ter vacina, ou talvez não", diz Zanoto, enquanto uma médica balança a cabeça de forma negativa. Durante a pandemia, o virologista deu diversas entrevistas dizendo que não seria "uma boa ideia" fazer vacinação em massa no Brasil.
Bolsonaro também reforça a fala antivacina e reafirma que ela não deve ser obrigatória em sua fala. Ele diz que vetou uma lei que estipulava celeridade da Anvisa na aprovação de fármacos. "O projeto foi aprovado na Câmara e eu vetei o dispositivo. O veto foi derrubado depois, o que dizia? O que chegasse aqui para combater o coronavírus, a Anvisa tinha 72 horas para liberar [na verdade, o prazo era de 5 dias]. Se não liberasse, haveria aprovação tácita. Eu perguntei: 'Até vacina? Até vacina'".
Além disso, o presidente também destacou a desconfiança com os imunizantes que já tinham sido aprovados em outros países. "Mesmo tendo aprovação científica lá fora, tem umas etapas para serem cumpridas aqui. Você não pode injetar qualquer coisa nas pessoas, muito menos obrigar", disse, enquanto outra médica dizia "graças a Deus".
Segundo o levantamento do jornal, no dia que ocorreu a reunião, o Brasil já somava 127.517 mortes por Covid-19, e 4.165.124 casos registrados. Hoje, o número é de 469.388 vidas perdidas para a doença, e 16.803.472 contaminados.
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