Pedro Hallal e Jurema Werneck são convidados na CPI da Covid nesta quinta-feira, dia 24Jefferson Rudy/Agência Senado
O Brasil poderia ter evitado até 400 mil mortes por covid-19 se tivesse adotado medidas necessárias para conter o avanço da doença, conforme estudos do pesquisador. Só o atraso na compra das vacinas da Pfizer e da Coronavac provocou 95,5 mil mortes, conforme análise feita por Hallal com dados repassados pelos laboratórios na CPI. "Os senadores da base governista são capazes de defender as ações do governo federal, mas as ações do presidente da República são indefensáveis."
Segundo o epidemiologista Pedro Hallal, considerando as subnotificações, o Brasil pode ter ultrapassado o patamar de 600 mil mortes pela Covid-19.
— Jornal O Dia (@jornalodia) June 24, 2021
Créditos: Reprodução/TV Senado#CPIdaCovid #ODia pic.twitter.com/mTwNYWooCF
O atraso na compra das vacinas da Pfizer e da Coronavac provocou 95,5 mil mortes por covid-19 no Brasil, de acordo com epidemiologista Pedro Hallal. A demora na aquisição de doses é uma das linhas de investigação da CPI da Covid, que agora apura a opção do governo brasileira em comprar a vacina indiana Covaxin a preços maiores do que o ofertado no ano passado pela própria fabricante e por outros laboratórios.
O estudo de Pedro Hallal considera os dados prestadas por laboratórios à CPI. As informações da Pfizer apontam que o Brasil poderia ter 4,5 milhões de doses a mais até março deste ano se tivesse respondido às ofertas feitas pela empresa em 2020 No caso da Coronavac, o Instituto Butantan estimou 49 milhões de doses a mais até maio.
Outro estudo citado pelo pesquisador, conduzido pela Universidade de São Paulo, aponta 145 mil mortes provocadas pelo atraso nas vacinas. "O Brasil é um dos piores países do mundo na resposta à covid-19. Não há outra justificativa que não a postura anticiência adotada no País", afirmou Hallal durante o depoimento na CPI.
Ainda de acordo com os números da pesquisa de Hallal, a mortalidade da covid-19 é maior em cidades que deram mais votos ao presidente Jair Bolsonaro no segundo turno das eleições de 2018, tendência que não é observada nas mortes por outras causas
Nas cidades onde Bolsonaro teve 10% dos votos válidos ou menos, a taxa de mortalidade é de 10 para cada 100 mil habitantes. O índice chega a 313 mortes por 100 mil habitantes nos municípios que deram 90% dos votos ou mais para o atual presidente.
Os dados foram criticados por aliados do chefe do Planalto. "Qual é a base científica para poder fazer uma afirmação dessa natureza a não ser animar uma narrativa?", questionou o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE). "Cada pessoa pode fazer uma interpretação desse resultado. Esse resultado não se observa por acaso porque, quando comparamos as mortalidades em geral, não existe essa tendência" respondeu o pesquisador.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.