Pedro Hallal é convidado na CPI da Covid nesta quinta-feira, dia 24Jefferson Rudy/Agência Senado
Hallal citou que o Brasil tem 2,7% da população mundial, mas apresenta 12,9% das mortes por covid-19 no mundo. "Ontem, uma de cada três pessoas que morreram por covid no Brasil foi no Brasil", disse o pesquisador no início do depoimento. "Podíamos ter salvo 400 mil vidas no Brasil apenas se estivéssemos na média mundial."
Outro estudo apresentado na CPI - pela diretora-executiva da Anistia Internacional e coordenadora do movimento Alerta, Jurema Werneck - indica que a pandemia de covid-19 provocou 305 mil mortes acima do esperado no Brasil em um ano. O cálculo leva em conta os dados históricos de mortalidade no País.
A especialista apontou redução relativa de 40% na transmissão se medidas mais restritivas, como isolamento social e preparação do sistema de saúde, tivessem sido implementadas.
"Se tivéssemos agido como era preciso, a gente podia ainda no primeiro ano de pandemia ter salvo 120 mil vidas", disse Weneck durante a audiência na CPI. "Poderíamos ter salvo pessoas se a política de controle de medidas não farmacológicas tivesse sido aplicada".
Tropa de choque enfrenta o tema Covaxin
O presidente Jair Bolsonaro acionou o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello após ter sido avisado sobre um suposto esquema de corrupção na compra da vacina indiana Covaxin, em março deste ano, disse o senador Jorginho Mello (PL-SC), aliado do Planalto.
O Palácio do Planalto muniu a tropa de choque na CPI da Covid com argumentos e documentos para se defender das suspeitas na compra da vacina indiana Covaxin. Na manhã desta quinta-feira, antes da sessão da comissão, senadores governistas se reuniram com assessores de Bolsonaro para traçar a estratégia de defesa.
O governo sustenta que não houve a compra de 20 milhões da Covaxin e nenhum pagamento foi realizado, apesar de o próprio Ministério da Saúde ter informado o contrato.
"O ministro Onyx (Lorenzoni disse) que quando esse deputado esteve falando de assuntos, falando não sei mais o que, o presidente falou imediatamente com o ministro Pazuello para pedir 'ó, vê um assunto aí da Covaxin' e o ministro foi ver, viu, e como não tinha nada depois de três meses eles estão requentando o assunto", disse o senador em entrevista coletiva no Senado.
Segurança
O relator da CPI da Covid, Renan Calheiros (MDB-AL), pediu providências para a segurança do empresário Francisco Maximiano, sócio da Precisa Medicamentos. Ele intermediou a compra da vacina Covaxin pelo governo. Renan comparou o risco a Adriano da Nóbrega, morto em 9 de fevereiro após ser investigado no esquema de "rachadinha" no gabinete de Flávio Bolsonaro. "Essa testemunha é importante como era o Adriano da Nóbrega. Precisamos garantir a segurança dele", disse o relator.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.