Jurema Werneck na CPI da Covid nesta quinta-feira, 24Edilson Rodrigues/Agência Senado

Por O Dia
Nesta quinta-feira, 24, a Comissão de Inquérito Parlamentar (CPI) convidou Jurema Werneck, diretora executiva da Anistia Internacional Brasil e representante do Movimento Alerta, para apresentar dados coletados sobre mortes ocorridas na pandemia do coronavírus. Durante a sessão, a médica afirmou sobre a quantidade de pessoas que poderiam ter sido salvas, caso o país tivesse adotado medidas contra o enfrentamento da covid-19.
 
"Se tivéssemos agido como era preciso, a gente poderia no primeiro ano de história da pandemia, nas 52 primeiras semanas epidemiológicas, ter salvo 120 mil vidas", afirmou Jurema. 

A representante do Movimento Alerta desabafou sobre as vítimas perdidas ao longo deste um ano e três meses de pandemia. "Não são números, são pais, mães, irmãos, sobrinhos, tios, vizinhos, gente que não conheço, mas habita esse país como eu. O cenário seria diferente se tivesse sido implementada uma política efetiva de controle baseada em ações não farmacológicas", disse Jurema. 

Pesquisadora Jurema Werneck diz que se ações corretas fossem tomadas, seria possível ter salvo 120 mil pessoas.

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Segundo Jurema, no primeiro ano da pandemia, 350 mil mortes ocorreram em excesso, comparando a anos sem uma crise de saúde do mesmo nível.
Além de Jurema, também depõe nesta quinta-feira o epidemiologista da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) Pedro Hallal. Os dois pesquisadores estudam o número de mortes evitáveis, caso a condução do enfrentamento pelo governo federal tivesse sido mais restritiva.
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Os estudos conduzidos pela dupla indica que haviam medidas que o governo Jair Bolsonaro (sem partido) poderia ter utilizado para diminuir consideravelmente o número de óbitos nesta pandemia, como o incentivo de protocolos sanitários, a utilização de máscaras e o respeito às medidas de distanciamento social.
Hallal, ex-reitor da UFPel, reitera, em entrevista à GloboNews, o número exato de mortes que o país poderia ter evitado. "No mundo, hoje, a média de mortes é de 488 habitantes para cada 1 milhão de habitantes. No Brasil, é de quase 2,3 mil mortes para cada 1 milhão de habitantes. Traduzindo isso para a população: são quatro de cada cinco mortes que aconteceram no Brasil que seriam evitadas se o Brasil estivesse na média mundial — não se o Brasil estivesse muito bem".

Jurema conduz o Movimento Alerta, que engloba sete outras entidades e estuda a mortalidade da pandemia em cada estado da federação. Suas análises baseiam-se nas falhas produzidas pelas diversas políticas públicas e problemas de qualidade no atendimento no sistema de saúde local.
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O Movimento Alerta comunicou, através de uma nota, que há um desrespeito "intencional" por parte do governo e que as evidências científicas "não podem ficar impune, sem que haja a responsabilização pelas mortes evitáveis que ocorreram e continuam ocorrendo".
*Com informações do IG