Deputado estadual do Amazonas Fausto Junior (MDB)Pedro França/Agência Senado
CPI: Fausto Jr. diz ter convicção que governador do Amazonas 'sabia de tudo', mas afirma não ter provas
Deputado estadual foi relator da CPI da Saúde da Assembleia Legislativa do Amazonas no ano passado e apontou uma 'promíscua mistura de corrupção e incompetência'
Brasília - O deputado estadual do Amazonas Fausto Junior (MDB) disse ter convicção de que o governador do Estado, Wilson Lima (PSC), sabia "de tudo" durante a crise do novo coronavírus. Fausto Junior foi relator da CPI da Saúde da Assembleia Legislativa do Amazonas no ano passado e apontou uma "promíscua mistura de corrupção e incompetência", mas decidiu não indiciar o governador na investigação.
"Eu tenho convicção de que o governador sabia de tudo, mas a CPI precisa provar", disse o deputado estadual. De acordo com ele, somente a Polícia Federal tinha elementos para apontar responsabilidades de Wilson Lima. O presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM), afirmou que o deputado estadual será investigado pela CPI se não der respostas suficientes e que os senadores vão quebrar o sigilo de empresas e autoridades públicas do Amazonas para investigar a crise no Estado.
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O deputado estadual prometeu propor uma segunda CPI na Assembleia Legislativa para investigar a gestão estadual e a participação de Wilson Lima. Fausto Junior se recusou a assinar um requerimento que tramita no momento alegando não concordar com o objeto do pedido, que seria "pandemia, genericamente".
A CPI da Covid no Senado investiga o colapso no sistema de saúde em Manaus, no início do ano. O presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), declarou que irá provar os motivos pelos quais o deputado estadual não indiciou o governador. "Não vai ficar por isso mesmo. A CPI irá tomar as providências", declarou Aziz. O deputado estadual disse estar sendo ameaçado pelo senador.
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Esquema de corrupção
Omar Aziz apontou um suposto esquema de corrupção envolvendo empresas privadas e agentes públicos no Amazonas. Ele afirmou que a comissão do Senado vai quebrar os sigilos bancário e fiscal de empresas e acionar a Procuradoria-Geral da República (PGR) para investigar a conselheira Yara Lins dos Santos, do Tribunal de Contas do Estado (TCE).
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Yara Lins é mãe do deputado estadual Fausto Junior, que presta depoimento nesta terça na CPI do Senado.
De acordo com Aziz, o suposto esquema de corrupção livrou Wilson Lima do indiciamento. "Estou falando em corrupção, estou falando em advocacia administrativa, estou falando em benefícios, por isso, senhores senadores, senhoras senadoras e o povo do Amazonas, por isso é que o governador não foi indiciado", disse o senador.
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Aziz afirmou que a conselheira Yara Lins precisa ser investigada por ter sido presidente da corte de contas e relatora do julgamento da aplicação de verbas estaduais na saúde. "Minha mãe é uma pessoa honrada, uma servidora pública de carreira. Não tem nenhuma mácula. Pode investigar, pode quebrar o sigilo da empresa que for, não temos o que temer", disse Fausto Junior.
Durante o depoimento, o deputado estadual afirmou que o próprio Omar Aziz, ex-governador do Amazonas, tinha participação na crise da saúde e deveria ser indiciado pelos pagamentos indenizatórios - feitos sem licitação - durante o período que governou o Estado. Aziz reagiu afirmando que o simples registro de repasses não era indício de corrupção.
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Prorrogação da CPI
O presidente da CPI da Covid, afirmou nesta terça, em sua conta no Twitter, que o colegiado já reuniu assinaturas suficientes para prorrogar os trabalhos da comissão por mais 90 dias. A decisão com relação a prorrogação, no entanto, ainda depende de aval do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG). "Decidimos prorrogar os trabalhos da CPI da Pandemia por mais 90 dias. Já temos assinaturas de 31 senadores. Temos muito o que investigar ainda", afirmou o Omar Aziz.
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O requerimento apresentado pelo vice-presidente da comissão, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), precisa de 27 assinaturas para prorrogar os trabalhos. Desde o começo da CPI, Aziz mantinha um discurso de que a comissão não seria prorrogada. Contudo, o suposto esquema de corrupção no governo federal com a compra de vacinas fez o senador reavaliar a necessidade de estender os trabalhos. Com o prazo atual e sem recesso formal, a comissão deve encerrar os trabalhos no dia 26 de julho.
Como mostrou o Estadão/Broadcast, Pacheco resiste à pressão para prorrogar a CPI. O parlamentar quer esperar e avalia consultar os líderes partidários da Casa para decidir sobre o tema. A interlocutores, Pacheco tem chamado a atenção para a necessidade de uma análise técnica e política.
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