Luiz Paulo Dominguetti Pereira depõe na CPI da Covid. Pedro França/Agência Senado
O áudio teria sido enviado a Dominguetti por Cristiano Alberto Carvalho, representante oficial da Davatti no Brasil, após o depoimento de Miranda na CPI. "O Christiano (Alberto Carvalho, representante da Davati) me relatava que volta e meia tinha parlamentares, não sei quem, o procurando, e quem mais o incomodava era o deputado Luís Miranda, o mais insistente com a compra, negociação de vacinas", disse o policial.
Após apresentar o áudio, Dominguetti afirmou que, na gravação, Miranda também se referia ao irmão, o servidor do ministério da Saúde, Luis Ricardo Miranda, embora o áudio não deixasse essa prerrogativa clara e não fosse possível confirmar se o deputado, de fato, se referia a compra de vacinas.Dominguetti apresenta áudio que mostra Luis Miranda tentando negociar vacinas.
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"Eu não vou mais perder tempo com esse comprador, porque desgastou muito, meu irmão, nos últimos 60 dias. É muita conversa fiada no mercado e aí eu nem me sinto confortável", diz o deputado na mensagem. O policial disse que recebeu o áudio após o depoimento de Luis Miranda na CPI semana passada. A gravação, de acordo com Dominguetti, não foi enviada a ele. A denúncia, por sua vez, acabou agitando os senadores da comissão.
Após ser acusado por depoente na CPI, Luis Miranda entra na sessão, conversa com o presidente e o relator e causa espanto entre os senadores.
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Senadora Simone Tebet questiona o motivo do policial da ativa não ter dado voz de prisão em flagrante por pedido de corrupção.
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Em e-mail à reportagem, porém, o responsável pela Davati nos Estados Unidos, Herman Cárdenas, admitiu que o nome de Dominguetti foi incluído em comunicações com o governo brasileiro sobre oferta de vacinas da AstraZeneca apresentada pela companhia. O nome de Dominguetti foi incluído "a pedido", de acordo com Cárdenas, sem explicar quem teria feito a solicitação.
"Incluímos o nome do Sr. Dominguetti no FCO (oferta) que apresentamos ao governo brasileiro porque nos pediram e presumimos que ele fosse representante deles", afirmou Cárdenas, por e-mail.
"A história tem focinho de estelionato, rabo de estelionato, pé de estelionato. Será que é estelionato? Vamos descobrir, mas chama atenção a repetição do procedimento do governo cheio de amadorismo, privilégio às relações de amizade e aos velhos esquemas. Manter o foco é essencial", afirmou Alessandro Vieira (Cidadania-SE), suplente na CPI.
Dominguetti relatou na CPI que foi pressionado a "melhorar esse valor, para cima" durante a negociação para venda de vacinas contra a covid-19 ao Ministério da Saúde. Ele reafirmou nesta quinta-feira ter recebido um pedido de propina de US$ 1 dólar por dose do ex-diretor de Logística em Saúde do ministério Roberto Ferreira Dias, exonerado ontem do cargo. De acordo com ele, o pedido de propina foi feito apenas por Dias durante as negociações, em um jantar no dia 25 de janeiro. O vendedor negou que outra pessoa do Ministério da Saúde ou do governo tenha feito uma solicitação parecida.
Dominguetti tentou vender 400 milhões de doses da AstraZeneca a US$ 3,50 por unidade ao governo brasileiro. De acordo com ele, o então diretor do ministério afirmou que "a vacina, naquele valor, não seria feita pelo ministério, temos que melhorar esse valor". "É para cima, é para mais, aí se pediu que tem que se comprar dentro do ministério e se pediu esse acréscimo de 1 dólar por dose. Eu já, de imediato, eu já disse que não tinha como fazer", afirmou no depoimento à CPI.
'Militar infiltrado'
"Dominguetti é militar infiltrado que apresentou um áudio de 2020 para implicar Luis Miranda e seu irmão. Todos devem ser rigorosamente investigados. Dominguetti precisa sair preso da CPI por sabotar as investigações. Isso é um escândalo e tem a digital do Planalto". A frase é do deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP), em publicação no Twitter, sobre o áudio veiculado pelo policial militar Luiz Paulo Dominguetti Pereira durante seu depoimento na CPI.
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