Ricardo Barros (PP-PR) depõe na CPI da Covid nesta quinta-feira, 12Jefferson Rudy/Agência Senado

Brasília - O presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM), encerrou a oitiva do líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), na tarde desta quinta-feira, 12. Em entrevista coletiva após a sessão, o relator da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL), disse que a CPI decidiu convocar o parlamentar para depor pela segunda vez.
"Não mais na condição de convidado, mas (Ricardo Barros) deporá como um convocado da Comissão Parlamentar de Inquérito, com a obrigação de dizer a verdade, desta vez, e de esclarecer todos os fatos que precisam ser esclarecidos", afirmou Calheiros. Para o depoimento desta quinta-feira, Barros havia sido convidado após Aziz transformar a sua convocação em convite.
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A comissão também vai consultar o Supremo Tribunal Federal (STF) sobre quais medidas poderá adotar se comprovar que o deputado mentiu na comissão. Os senadores afirmaram que, logo após a declaração de Barros, o laboratório chinês CanSino desmentiu o deputado e afirmou que mantém o interesse de vender vacinas para o Brasil.
A decisão de finalizar o depoimento ocorreu depois de a sessão ser retomada após um bate-boca entre o deputado federal e os senadores. Durante a sessão, Barros culpou a CPI por falta de vacinas. Ele apontou que a atuação da comissão teria afastado empresas interessadas em vender vacinas ao Brasil, o que gerou reação de senadores.
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"O mundo inteiro quer comprar vacinas e eu espero que essa CPI traga bons resultados para o Brasil, produza um efeito positivo para o Brasil, porque o negativo já produziu muito, afastou muitas empresas interessadas em vender vacina ao Brasil que não se interessam mais", disse o líder do governo na Câmara.
Também na coletiva nesta tarde, Barros falou que não pretende acionar o STF para que lhe seja concedido um habeas corpus. O líder será chamado novamente à CPI da Covid, mas dessa vez, na posição de convocado. Contudo, Barros ressaltou: "A CPI precisa respeitar as regras, eu tenho imunidade parlamentar, estando sentado ali ou não".

O vice-presidente da Comissão, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), alegou pouco após o encerramento da reunião que estaria consultando o Supremo para ver quais medidas deveriam ser tomadas contra o parlamentar por suas declarações nesta quinta-feira. Uma das medidas previstas para quem mente em CPI é a prisão em flagrante e por isso os senadores querem consultar a Corte sobre a situação do deputado quando for convocado

O comentário de Barros que desencadeou a reação negativa do comando do colegiado foi a de que empresas estariam perdendo o interesse na negociação de vacinas no Brasil devido aos trabalhos da CPI. A afirmação de Barros gerou diversos bate-bocas e obrigou o presidente da Comissão a encerrar a reunião. No retorno, Aziz declarou que estava suspendendo a oitiva, e que Barros seria chamado novamente a Comissão na posição de convocado - não convidado, como foi o caso nesta quinta-feira.

Na coletiva após o encerramento da reunião, Barros alegou que estava "absolutamente tranquilo" com relação às suas declarações "Eu fui ministro da Saúde e eu sei o que estou falando".

Segundo Barros, as farmacêuticas CanSino e a Covaxin descredenciaram seus representantes no Brasil e não haviam nomeado ninguém no lugar, como uma demonstração do desinteresse. Na defesa de seu argumento, segundo ele, "quando (as empresas) quiserem voltar ao Brasil vão ter que começar tudo novamente. o processo, com muito tempo de atraso, e provavelmente vão vender a vacina aqui depois que todo mundo tiver vacinado".

Poucos momentos após a declaração de Barros na CPI, ao Valor Econômico, o vice-presidente de Negócios Internacionais CanSino, Pierre Morgon, afirmou que decidiu trocar a empresa representante do laboratório no Brasil por questões de compliance e que segue interessado em vender sua vacina contra a covid-19 para o Ministério da Saúde.

O líder rebateu ainda as acusações de corrupção dentro do governo na compra de vacinas afirmando que esta era uma "narrativa" montada pela CPI. "Fato concreto é que não tem corrupção nenhuma", declarou.
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*Com informações do Estadão Conteúdo