Ricardo Barros (PP-PR) depõe na CPI da Covid nesta quinta-feira, 12Jefferson Rudy/Agência Senado

Brasília - Após uma série de ataques do líder do governo Bolsonaro na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (PP-PR), na Comissão Parlamentar Inquérito (CPI) da Covid, o presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM), decidiu suspender o depoimento.  
Durante a sessão, o deputado federal Barros culpou a CPI por falta de vacinas. Ele apontou que a atuação da comissão teria afastado empresas interessadas em vender vacinas ao Brasil, o que gerou reação de senadores.
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"O mundo inteiro quer comprar vacinas e eu espero que essa CPI traga bons resultados para o Brasil, produza um efeito positivo para o Brasil, porque o negativo já produziu muito, afastou muitas empresas interessadas em vender vacina ao Brasil que não se interessam mais", disse Barros. 
"Afastamos a vacina que vocês do governo queriam tirar proveito", Aziz (PSD-AM), que anunciou a suspensão da reunião.
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O ataque causou críticas imediatas. "Isso não é verdade", disse a senadora Simone Tebet (MDB-MS). "Aí não dá", emendou o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
A declaração de Barros foi feita quando ele disse que não participou de tratativas para assegurar o registro da vacina Convidecia, da chinesa CanSino, no Brasil. Ele também rebateu a acusação de que o imunizante, orçado em US$ 17 a dose, tenha sido o mais caro já negociado pelo Ministério da Saúde. A intenção de compra de 60 milhões de doses por R$ 5 bilhões foi assinada pela Belcher Farmacêutica, de Maringá (PR). O deputado admitiu ser amigo do empresário Francisco Feio Ribeiro Filho, pai de um dos sócios da Belcher.
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"Perdemos a grande oportunidade de comprar 60 milhões de doses da CanSino, de dose única, por US$ 17. Portanto, mais barato do que a CoronaVac, mais barato do que a Pfizer e mais barato do que a maioria das vacinas compradas pelo Brasil. É uma vacina de dose única. Por isso, não é adequado dizer que era a mais cara que estava sendo negociada. É a metade do preço", disse Barros.
Após a suspensão da reunião, Barros concedeu uma entrevista no Senado ao lado de governistas e reforçou as críticas. Ele disse "lamentar" o fato de o País não ter comprado as vacinas que entraram na investigação da comissão, citando Covaxin, Sputnik e CanSino.
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"Estou pronto para responder a todas as perguntas, mas não posso repetir que mentiras repetidas vezes se tornem verdade", afirmou o deputado. De acordo com o senador Marcos Rogério (DEM-RO), o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), demonstrou disposição de cancelar o depoimento de hoje e aprovar uma nova convocação para Ricardo Barros.