Secretária extraordinária de Enfrentamento à Covid-19 do Ministério da Saúde, Rosana LeiteReprodução/Hospital Regional de Mato Grosso do Sul

Na segunda-feira, 16, senadores, representantes do Ministério da Saúde e pesquisadores debateram questões envolvendo o avanço e os efeitos das variantes do coronavírus no país, durante a comissão temporária que discute a pandemia (CTCOVID-19). Em fala à comissão, a secretária de Enfrentamento à Covid-19 do Ministério da Saúde, Rosana Leite Melo, afirmou que uma parte da população poderá precisar desse reforço e confirmou seria possível distribuir lotes com essa finalidade ainda neste ano.

“Se formos pensar numa terceira dose, estamos calculando trabalhar priorizando determinados grupos. Só que a gente não decidiu ainda se teremos ou não terceira dose. Outras variáveis são analisadas. Nossa câmara técnica tem outra reunião esta semana para definir principalmente a parte dos estudos científicos. Mas conseguiríamos fazer [a distribuição da terceira dose] neste ano, sim”, disse Rosana, durante sua participação na reunião da Comissão Temporária da Covid-19 no Senado.

Para a diretora da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Meiruze de Sousa Freitas, que também participou da comissão, o país precisa estar atento aos estudos internacionais, analisar dados locais e abrir as discussões sobre a revacinação de forma “ponderada” para determinados públicos.
“A decisão de uma terceira dose não deveria ser generalizada. Mas sim a partir dos dados epidemiológicos, a partir das vacinas e levando em consideração os públicos mais vulneráveis, como os mais idosos e os imunocomprometidos. Essa decisão tem que ser sempre ponderada. Os líderes mundiais precisam levar em consideração a ampliação mundial e discutir a terceira dose para os grupos mais necessitados”

Está brevisto para ter início em breve um estudo brasileiro com quem já recebeu duas doses da vacina CoronaVac. A pesquisa foi encomendada pelo Ministério da Saúde à Universidade de Oxford e vai recrutar 1.200 voluntários para testar a terceira aplicação com os quatro imunizantes em uso no país. Parte dos participantes receberá a própria CoronaVac, um segundo grupo tomará a AstraZeneca, outro a Pfizer e o último a Janssen.
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Ainda em relação à questão da eficácia das doses, o presidente da Comissão, Confúcio Moura (MDB-RO) chegou a mencionar o senador Otto Alencar (PSD-BA), que foi infectado, mesmo tendo tomado duas doses da vacina. Logo depois, ele citou a morte do ator Tarcísio Meira, que também já tinha completado a imunização. Em resposta, Rosana Leite afirmou que os os óbitos e internações têm diminuído por conta da vacinação, mas que esse casos dependem de outros fatores.

“Pode ter sido por conta não só do imunizante, mas pelo fato, principalmente, de ser uma pessoa acima dos 80 anos. Essas observações nos darão subsídios para definir qual é o tempo da terceira dose. Será que utilizaremos com o mesmo intervalo? Utilizaremos um tempo maior? Ou será que teremos dose de reforço?”

A secretária também mencionou na comissão a intercambialidade de imunizantes, e negou que essa seria a recomendação geral do Ministério da Saúde, que liberou a troca apenas para gestantes. Apesar de alguns países terem realizado estudos e autorizarem a vacinação heterogênea, no Brasil, segundo Rosana Melo, ainda não há essa previsão.