Indicações de membros das Forças Armadas lideram matrículas em colégios militares
Mesmo sendo financiadas com recursos públicos, oriundos do Orçamento da União, apenas 25% das vagas são preenchidas através da sociedade civil
Em média, apenas 25% da sociedade civil consegue se inscrever nas instituições de educação militar através de processo seletivo
- Eliakin Moura/Divulgação
Em média, apenas 25% da sociedade civil consegue se inscrever nas instituições de educação militar através de processo seletivo
Eliakin Moura/Divulgação
Após o início do governo Jair Bolsonaro (sem partido) , e sua bandeira de valorização das Forças Armadas, os colégios militares ganharam notoriedade através de visitas e incentivos realizados pelo presidente da República. Bolsonaro, inclusive, tentou inscrever sua filha mais nova no Colégio Militar de Brasília (CMB) sem a necessidade da realização de um processo seletivo. Um levantamento realizado pelo site Metrópoles evidencia que este 'movimento' realizado por Bolsonaro diz muito sobre a política de matrícula destas unidades de ensino.
Mesmo sendo financiadas com recursos públicos, oriundos do Orçamento da União, apenas 25% das vagas são preenchidas através da sociedade civil. Estes precisam passar por um processo seletivo, requisito obrigatório para aqueles que não integram as Forças entrar em colégios militares. No Colégio Militar de Curitiba e no Colégio Militar de Brasília, apenas 4,1% das vagas foram preenchidas através de alunos que prestaram a prova.
A maior parte dos alunos destas unidades de ensino são parentes de militares, que integram estas unidades através de indicações, e podem ser matriculados cado o militar se mude de cidade e tenha filhos (ou dependentes) com idade escolar. Outra maneira de entrar em uma escola militar ocorre através de sorteios, que também atendem aos dependentes do oficialato.
Na visão de Catarina de Almeida Santos, professora da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB), os colégios militares existem sob a justificativa de que "os militares mudam muito de localidade", porém, este argumento não se sustenta já que "educação é direito e qualquer estudante que muda de estado tem a garantia da vaga [em escola pública regular] para ele no estado em que ele vai".
O Ministério da Defesa não se posicionou em relação ao levantamento na publicação desta reportagem e o espaço encontra-se em aberto para futuras manifestações.
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