São Paulo - O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, usou as redes sociais para afirmar que "não se leva democracia a lugar nenhum com 'tropa, mísseis e tanques''. Na declaração, feita após uma semana de conflito entre o Poder Executivo e o Judiciário, com diversos ataques do presidente Jair Bolsonaro contra o STF, Barroso relembrou os atentados do 11 de setembro, que completam 20 anos neste sábado (11).
"20 anos dos atentados de 11/9, triste momento da história recente. Duas lições: 1. O terror, como a violência em geral, nada constrói. 2. Não se leva Iluminismo e democracia a nenhum lugar do mundo com tropas, mísseis e tanques. Educação, cultura e justiça são as armas certas", escreveu o ministro.
Já na última sexta-feira, uma mensagem de Barroso publicada no Twitter foi interpretada como uma cutucada em Bolsonaro. No texto, o ministro recomendou o pensamento "Cada época tem o seu próprio fascismo", referente as atitudes do governo que lembram governos autoritários. Barroso aconselhou ainda a música Paixão de Um Homem (A carta), escrita por Milionário e José Rico, mas cantada por Waldick Soriano. A canção trata de uma carta enviada a uma mulher após um caso de traição.
Nos últimos meses, decisões dos ministros do STF Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso têm sido questionadas veementemente pelo presidente Jair Bolsonaro, inclusive com pedido de impeachment contra Moraes e ameaças de não respeitar determinações do judiciário. As disputadas ganharam força quando Barroso pediu para que Moraes indiciasse Bolsonaro no inquérito das Fake News, após ataques do presidente às urnas eletrônicas.
No último dia 7 de setembro, Bolsonaro participou de atos a favor de seu governo em Brasília e São Paulo. Nas manifestações, o presidente atacou a Suprema Corte e enfatizou falas antidemocráticas.
Após a repercussão negativa nas falas, perda de apoio de partidos do Centrão e ameaça de novos pedidos de impeachment, Bolsonaro recorreu ao ex-presidente Michel Temer, que aconselhou recuar de suas falas e tentar melhorar a relação com o judiciário. Em uma nota, o presidente disse nunca ter atacado instituições, elogiou Alexandre de Moraes e ressaltou haver apenas discordâncias em alguns temas.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.