O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou nesta segunda-feira, 20, em Nova York, nos Estados Unidos, que a campanha de vacinação contra a covid-19 em adolescentes não pode ser suspensa por causa da suspeita de "eventos adversos".
"Mesmo que tenha sido [um evento adverso], não invalida a vacinação. Eventos adversos existem e não são motivos para suspender vacinação ou de relativizar seus benefícios. Mas a autoridade sanitária tem que avaliar esses casos até para que se faça as notificações devidas", afirmou o ministro.
O pronunciamento de Queiroga foi feito na saída do hotel onde está hospedado nos EUA. O ministro da Saúde acompanha o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na Assembleia Geral das Organização das Nações Unidas (ONU).
O ministro também minimizou a repercussão que a paralisação e o caso de "evento adverso" gerou e fez questão de elogiar a campanha de vacinação brasileira. "Nós tivemos um evento adverso, e a mim como autoridade sanitária, cabe avaliar esses eventos adversos. Precisamos avançar acima de 18 anos e obedecer às recomendações do PNI", disse ele.
A fala de Queiroga ocorre após uma jovem de 16 anos morrer. A adolescente foi vacinada no início deste mês em São Bernardo do Campo, em São Paulo. O governo de SP já afirmou na semana passada que a morte não tem relação com o imunizante, que ela foi vítima de uma rara doença autoimune. Porém, Queiroga afirmou que ainda avalia o caso da morte da adolescente.
Entretanto, o ministro disse que mantém suspensa a vacinação de adolescentes sem comorbidades entre 12 e 17 anos com a vacina da Pfizer.
Na semana passada, o Ministério recuou com o Plano Nacional de Imunização (PNI) e recomendou que fossem vacinados apenas os adolescentes com comorbidades ou privados de liberdade.
Após suspender na semana passada a vacinação para adolescentes, o ministro foi criticado por especialistas, entidades e conselhos de secretários de Saúde. A recomendação gerou diversos conflitos com Estados que se preparavam para iniciar a imunização da faixa, segundo o PNI. Muitas unidades da federação tinham se adiantado ao plano e já iniciado a vacinação. O ruído de informação gerado pela orientação da Saúde obrigou o ministro a realizar uma coletiva de imprensa na quinta-feira, 16.
A Agência Nacional de Vigilância de Saúde (Anvisa) acompanha o caso e disse não existir dados, até o momento, que justifiquem a suspensão da aplicação do imunizante em todos os adolescentes entre 12 e 17 anos, mesmo no caso de haver ou não doenças pré-existentes.
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