O diretor-executivo da Prevent Senior, Pedro Benedito Batista Junior, confirmou, durante seu depoimento à CPI, que a rede alterava o código de diagnóstico de pacientes infectados pelo novo coronavírus em seus hospitais. De acordo com Batista Jr. o código deveria ser alterado para qualquer um que não fosse o da covid-19.
O relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), exibiu uma mensagem de WhatsApp, enviada em um grupo da rede de hospitais, que ordenava que os códigos fossem alterados. Logo em seguida veio a confirmação pelo próprio diretor-executivo da empresa, que é acusada de ocultar dados sobre mortes de pacientes que faziam parte de um estudo para testar a eficácia da hidroxicloroquina.
"Após 14 dias do início dos sintomas (pacientes de enfermaria/apto) ou 21 dias (pacientes com passagem em UTI/Leito híbrido), o CID deve ser modificado para qualquer outro exceto o B34.2 (código da Covid-19) para que possamos identificar os pacientes que já não têm mais necessidade de isolamento. Início imediato”, dizia a mensagem enviada por um diretor.
De acordo com o senador Otto Alencar (PSD-BA), a empresa cometeu um crime ao adotar medida, e a comissão decidiu, então, elevar a a condição de Pedro à investigado.
Índice elevado de mortes de pacientes tratados na Prevent
Pedro Batista afirmou em seu depoimento que cerca de 4 mil pacientes internados com covid-19 na rede morreram. Número representa cerca de 22% dos 18 mil usuários que chegaram a ficar internados por conta da doença nas unidades da empresa. Segundo ele, a média de idade dos pacientes que vieram a óbito é de 68 anos.
Quando se leva em conta todos os clientes da Prevent que foram diagnosticados com doença, inclusive aqueles que não precisaram de internação, os 4 mil óbitos representam 7% do total, número ainda alto. É importante ressaltar que o Brasil registra no momento 21,2 milhões de casos de covid-19 e mais de 591,4 mil mortos, e a taxa de letalidade no país é de aproximadamente 2,78%.
O Ministério da Saúde utilizou, sem autorização, um documento interno da Prevent Senior para justificar a prescrição de hidroxicloroquina no tratamento de pacientes com covid-19. Questionado pela deputada Eliziane Gama (Cidadania-MA), Pedro Batista Jr. disse que secretária de Gestão do Trabalho da pasta, Mayra Pinheiro, nunca recebeu “anuência” da empresa para incluir o documento na nota técnica emitida no ano passado.
"Não houve qualquer tipo de acordo. Eles simplesmente utilizaram um documento interno da Prevent, um documento utilizado para orientação médica, e incorporaram à normativa do Ministério da Saúde sem nenhuma anuência ou participação nossa", afirmou o diretor- executivo.
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