Advogada Bruna Morato, representante de ex-médicos da rede de hospitais da Prevent Senior presta depoimento à CPI da Covid nesta terça-feira, 28Divulgação

Brasília - Na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, a advogada Bruna Morato, representante de ex-médicos da rede de hospitais da Prevent Senior, afirmou que os médicos da operadora de saúde eram obrigados a cantar o hino da empresa dos guardiões, com a mão no peito. Ela acrescentou que a empresa tem um lema "obediência e lealdade” entre os donos.
"A Prevent Senior tem uma política um tanto quanto diferente. Há descrição de que nos anos de 2015, 2016 e 2017, a Prevent Senior em alguns eventos propagava um hino, que era o 'hino dos guardiões', profissionais responsáveis por fiscalizar as ações dos funcionários da empresa, e esses médicos eram obrigados a cantar o hino com a mão no peito", disse Bruna.
A advogada afirmou que os donos da empresa, que são também músicos de uma banda, cantavam enquanto os profissionais precisavam cantar. Entretanto, ela não lembra o hino, mas pediu que os médicos que tivessem acompanhando a CPI compartilhassem este conteúdo. "Acredito que seja muito importante para conhecimento da ideologia da empresa", afirmou.
Bruna também afirmou que o lema “obediência e lealdade” foi instituído em 2015 e continua sendo utilizado até hoje, inclusive pelo diretor-executivo, Pedro Benedito Batista Júnior. Por coincidência, o lema era o mesmo da SS nazista, uma organização paramilitar ligada ao Partido Nazista e a Adolf Hitler na Alemanha Nazista.
"Lema esse que ele [Batista Júnior] levou muito a sério e propagou para todos os seus subordinados. É lema da empresa, sempre foi lema, e continua sendo propagado. É graças a esse lema que a empresa continua usando a política de coerção", afirmou a advogada. 
A declaração ocorreu após Randolfe pedir a apresentação de uma mensagem de WhatsApp enviada por Pedro Junior, que falava que nenhum paciente paliativo recebesse alta sem passar por ele e ainda lembrar do lema da empresa: "Lealdade e Obediência".

Em depoimento na semana passada, Batista Júnior afirmou que o lema teria sido criado em 2017 por um ex-diretor, não estando mais em vigor na empresa.
Cobaias
A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) disse não ter dúvidas de que o governo e a Prevent Senior apostaram na chamada "imunidade de rebanho" e ainda utilizaram seres humanos como cobaias, o que relembra "os mais macabros e bizarros experimentos do nazismo nos campos de concentração". A parlamentar considerou o fato estarrecedor e na contramão da ética médica.
Mais cedo, o relator, Renan Calheiros (MDB-AL), já tinha chamado atenção para o desrespeito ao Código de Nuremberg, criado após os experimentos humanos na Segunda Guerra Mundial. Entre seus mandamentos, estão o de evitar o sofrimento do paciente e o de fazer experiências científicas só mediante consentimento. Já Randolfe Rodrigues (Rede-AP) salientou que o lema "obediência e lealdade", que foi adotado pela Prevent Senior, emula o das SS, a polícia nazista.

*Com informações da Agência Senado