CPI ouve o empresário Otávio Fakhoury sobre disseminação de notícias falsasReprodução

Brasília - A CPI da Covid ouve, nesta quinta-feira, 30, o empresário e vice-presidente do Instituto Força Brasil Otávio Oscar Fakhoury. Ao início da inquirição, o depoente defendeu a “direito a liberdade de opinião” ao ser confrontado com postagens nas quais classifica a CoronaVac como “lixo de vacina”. Ao ser questionado por Renan Calheiros (MDB-AL) sobre sua participação em campanhas contra o uso de máscaras, o empresário também afirmou não acreditar na eficácia dessa medida.

Segundo Fakhoury, sua opinião em relação à vacina foi baseada em informações que estavam sendo colocadas na imprensa. Além disso, o depoente citou que a Europa não aceitava pessoas vacinadas com aquele imunizante. “É uma conclusão pessoal, baseada na minha liberdade de opinião”, disse. Ele também afirmou que não tem contato com o presidente e defendeu a não obrigatoriedade da vacinação no país. 
"A minha posição é que elas não devem ser obrigatórias. Aguardo o término dos testes para decidir se imunizo minha família ou não", disse.

Calheiros também exibiu vídeos em que o depoente aparece em vídeos contra a vacinação, uso de máscaras e distanciamento social. Segundo o empresário, ”as pessoas assistem [ao vídeo] e formam a conclusão que elas querem formar”.

Vínculos políticos

O relator também questionou Fakhoury sobre o financiamento de materiais para a campanha presidencial de Jair Bolsonaro (sem partido) em 2018. Em resposta, o empresário afirmou que financiou grupos em estados do nordeste que trabalhavam de maneira autônoma, produzindo o próprio material.

“Vossa senhoria confirma que custeou materiais de divulgação da campanha do presidente Bolsonaro?”, perguntou Renan. “Da forma como eu respondi, confirmo”, respondeu o depoente.

Após o diálogo, um dos advogados de Fakhoury pediu a palavra para protestar contra a condução do relator e afirmou que o mesmo estava “tirando conclusões” e impedindo a palavra do depoente. Em seguida, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), no exercício da presidência, suspendeu a reunião por alguns minutos.
 
Propaganda negacionista
Ao retorno da suspensão, a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) solicitou intervenção da presidência da CPI no caso de falas negacionistas do depoente. Segundo a parlamentar, não se pode admitir como verdadeiras declarações contrárias ao uso de máscara e de medicamentos sem eficácia comprovada contra a doença. Na sequência, Randolfe informou que a ressalva será feita “toda vez que estiverem sendo emitidas informações que não sejam baseadas na ciência e na OMS”.

Mais cedo, Randolfe havia alertado o depoente em relação a prática de crime ao defender 'kit covid'. O empresário havia afirmado que familiares dele tomaram remédios do “kit covid” e não apresentaram sintomas graves da doença.

“Na minha casa, na minha família, teve 14 pessoas com covid que não foram hospitalizadas devido aos remédios que são falados aí: ivermectina, azitromicina, cloroquina, zinco. Não perdi ninguém. Criança, adulto, idoso. No âmbito próximo a mim, foi eficácia total. Eu tenho direito de fazer afirmação do que vi na minha residência”, disse o depoente.

Mais tarde, Randolfe reiterou que caberá à CPI decidir se a conduta de Fakhoury (de defender pautas como o ‘kit covid’) é crime ou não.
Ritmo da sessão
Os senadores Humberto Costa (PT-PE) e Marcos Rogério (DEM-RO) protagonizaram um discussão após o retorno da sessão. Costa, junto a outros senadores, havia pedido para que o advogado fosse retirado da sessão. Rogério, no entanto, não concordou com a ideia e criticou o senador.
Durante a discussão o petista declarou: “Você não respeita nem o mandato que você tem.” “Fecha a matraca”, disse Rogério em resposta. Confira:
O depoente

O pedido de convocação foi apresentado pelo vice-presidente da comissão, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), e aprovado pelos parlamentares nesta terça-feira, 28. Oscar Fakhoury também é investigado no inquérito das Fake News do STF. De acordo com o vice-presidente da comissão, o empresário custeou canais como Instituto Força Brasil e Terça Livre.
O empresário afirmou aos senador que é vítima de “calúnias, ataques e campanhas difamatórias”.
"Fui acusado injustamente e caluniado como propagador fake news, sem jamais ter produzido uma única notícia falsa. Também injustamente acusado de financiador de discurso de ódio, sem jamais ter pago por qualquer matéria ou notícia. Tudo porque ousei acreditar na liberdade de expressão e defender que os conservadores e os cristãos merecem um espaço no debate público", disse.

Otávio Fakhoury conta com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que garante seu direito de ficar em silêncio para não produzir provas contra si mesmo. Concedido pelo ministro Dias Toffoli, o habeas corpus também impede que o depoente seja submetido a medida privativa de liberdade ou restritiva de direitos.
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