Senador Marcos Rogério (DEM-RO) realiza a leitura de seu voto em separado na última sessão da CPI da Covid Pedro França/Agência Senado

Brasília - A CPI da Covid encerra seus trabalhos nesta terça-feira, 26, após seis meses de investigações. Antes da votação nominal do relatório, o presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), concedeu espaço para a apresentação dos votos em separado dos senadores Eduardo Girão (Podemos-CE), Marcos Rogério (DEM-RO) e Luis Carlos Heinze (PP-RS). Cada um deles terá 15 minutos, mais 5 de tolerância.

O senador Eduardo Girão (Podemos-CE) foi o primeiro a realizar a leitura de seu voto em separado. Em seu parecer, o parlamentar criticou os trabalhos realizados pela CPI e acusou Renan de ser parcial. Além disso, o parlamentar afirmou que o maior equívoco da CPI foi ter ignorado desvios de verba em estados e municípios.

Segundo Girão, a omissão de autoridades e a corrupção ficaram evidentes na crise do Amazonas e em desvios do Consórcio Nordeste.
Em relação aos desvios, o senador chegou a pedir em seu parecer o indiciamento do secretário-executivo do Consórcio Nordeste, Carlos Gabas.

"Responsabilizar um único ente por mortes e desacertos ocorridos não é justo. As investigações em curso mostram os desvios de bilhões de reais que poderiam ter salvado, sim, inúmeras vidas. O governo federal não gere sozinho o sistema de saúde brasileiro, mas em conjunto com estados e municípios”, disse.“A população quer justiça, e não justiceiros”, completou.

Ainda segundo Girão, o colegiado construiu “uma narrativa” para tentar uma suposta demora para a compra de vacinas.
“Tentou-se, sem êxito, caracterizar a ocorrência de retardo na aquisição de vacinas, construindo-se uma narrativa de que a existência de um gabinete paralelo mais a adoção do negacionismo seriam os motores da questionável atuação do governo federal na pandemia. Entretanto, a CPI não considerou que os produtores de vacina não tinham a autorização da Anvisa”, colocou.
O senador concluiu sua fala com o pedido de que a comissão adote seu voto integralmente e rejeite o parecer do relator.
Na sequência, o senador Marcos Rogério (DEM-RO) deu início à leitura de seu voto. Em coro ao parecer de Girão, Marcos acusou a CPI de tentar passar a impressão de que o governo federal seria o único responsável pela contenção da pandemia. De acordo com o senador, a CPI construiu uma narrativa política para atribuir a Jair Bolsonaro (sem partido) o "crime de causar a pandemia”.
“Também vale ser destacado que a eclosão do novo coronavírus foi um evento inesperado. Nenhum país do mundo tinha, e ainda não tem, um manual de como lidar com essa situação. Ainda assim, o relatório principal aponta o presidente como causador da pandemia. Falta razoabilidade”, pontuou.
O senador criticou ainda o que chamou de "cruzada de parte dos membros da CPI contra a autonomia médica". Para o parlamentar, o uso de substâncias no tratamento contra a covid-19 deve ser analisado caso a caso. Ele afirmou que "o mínimo" que a CPI deveria ter feito era produzir provas periciais a partir de dados concretos guiados por parâmetros científicos e "que não há isso no conjunto apurado".
Indiciamento de Heinze
O último a apresentar voto em paralelo foi o senador Luis Carlos Heinze (PP-RS). As declarações do parlamentar, no entanto, culminaram em sua inclusão na lista de indiciados no relatório final da CPI da Covid.
A decisão foi tomada a pedido do senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), após o governista pronunciar falas em defesa de medicamentos ineficazes no combate à covid-19.

Durante sua fala, o governista classificou alguns integrantes da CPI como defensores de “concepções facciosas” e “ajudantes de ordem” de Renan. O parlamentar disse que houve “muita incoerência, pressão e interrupção” nos trabalhos da comissão durante o depoimento de testemunhas entusiastas da cloroquina e do tratamento precoce, como a oncologista Nise Yamaguchi.

“Ninguém é contra a vacina. Não se pode confundir prevenção com tratamento. A vacina e os fármacos são complementares. Diversos senadores, inclusive, confessaram ter usado a cloroquina”, colocou.
Calheiros acatou o pedido do senador Vieira, elevando para 81 o número de indiciados no relatório final da CPI da Covid.

“Apesar das advertências, o senador Heinze rescindiu todos os dias apresentando estudos falsos, logo negados pela ciência. E pela maneira como incitou ao crime em todos os momentos, eu queria, nessa última sessão, dar um último presente a vossa excelência. Vossa excelência será o octogésimo primeiro indiciado dessa Comissão Parlamentar de Inquérito”, disse o relator.

Amazonas

Logo ao início da sessão, Calheiros acatou a sugestão do senador Eduardo Braga (MDB-AM) e incluiu o indiciamento do governador do Amazonas, Wilson Lima, e do ex-secretário estadual de Saúde Marcellus José Barroso Campêlo no relatório final da CPI. Ao ter o pedido atendido pelo relator da CPI, Braga retirou seu voto em separado.
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