Alunos protestam em favor da professora que foi acusada de lecionar conteúdos esquerdistas e feministasReprodução

Estudantes do Colégio Estadual Thales de Azevedo, em Salvador, na Bahia, realizaram um protesto nesta sexta-feira, 19, de apoio à professora de filosofia que foi intimada a depor por conta de uma queixa apresentada por uma aluna que a acusou de ensinar conteúdo "esquerdista".
De acordo com informações da TV Bahia, os alunos disseram que a professora dava aula sobre iluminismo na terça-feira, 16, e uma colega prestou a queixa por não querer a discussão do assunto. A professora pediu que ela se retirasse da sala e, em seguida, uma queixa contra a docente foi prestada na Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Contra a Criança e o Adolescente.
Uma outra estudante pontuou a lisura do ensino da professora, com quem tem aulas na unidade desde 2018.

"Nunca impôs nada para a gente, nunca tentou fazer com que a sua ideologia fosse a mesma da nossa. Sempre deixou a gente muito aberto e com liberdade de expressão. A gente está aqui para que ela se sinta amada e a gente não apoia o que essa aluna e a mãe dela fizeram", afirmou.
Denúncia
A intimação determinou que a docente fosse até à Delegacia de Repressão a Crimes contra a Criança e o Adolescente após uma aluna apresentar uma queixa sobre o conteúdo considerado por ela como inadequado e ideológico, com temas relacionados a questões de gênero, racismo, assédio, machismo e diversidade.

Segundo a Associação dos Professores Licenciados do Brasil (APLB), a professora precisou ser levada a um hospital para atendimento médico após receber a intimação e ficar abalada emocionalmente.

A direção da escola divulgou uma nota de repúdio, na qual afirma que a intimação fere a liberdade e a autonomia do profissional. "Infelizmente, as alegações de que os conteúdos curriculares das ciências humanas são de cunho 'esquerdista' e os conteúdos de linguagens são de 'doutrinação feminista' têm provocado o enviesamento dos conhecimentos historicamente construídos e dos fenômenos sociais, em silenciamento dos docentes", diz a nota.

"Essa situação, portanto, viola o direito profissional e o respeito ao trabalho docente em disposições da Lei de Diretrizes e Bases da Educação e do Plano Nacional de Educação", continuou o posicionamento.

A aluna teria procurado a delegacia junto com a mãe depois de discordar dos temas apresentados durante as aulas de filosofia. Um grupo de professores da escola afirmou que, antes de registrar a queixa, a aluna tinha um comportamento hostil e perseguia a professora.

Além desse caso, em agosto deste ano, um grupo de estudantes e responsáveis divulgou uma nota com críticas a professores e palestrantes após a realização de um seminário online pela escola. A APLB afirmou, ainda, que em outra ocasião a mãe da estudante que procurou a polícia invadiu o espaço de aula online de inglês para exigir explicações sobre o tema da aula, que teria relação com o feminismo.

"A direção da APLB-Sindicato lamenta profundamente as ocorrências e reitera o apoio jurídico e psicológico à professora, exigindo a apuração dos fatos ocorridos", concluiu a nota da associação.
*Com informações do IG.