A OMS classificou a nova cepa como "variante de preocupação"Reprodução

Rio - A nova edição do Boletim do Observatório Covid-19 da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), divulgou nesta  sexta-feira, 26, um alerta para a importância de manutenção dos cuidados durante as comemorações de final de ano e das festas de verão. Especialistas recomendam cautela e o monitoramento de quaisquer possíveis sinais de recrudescimento da Covid-19.
Pesquisadores ressaltam também a necessidade de continuar avançando com a vacinação (primeira e segunda doses, e o reforço vacinal). E ainda defendem medidas como a exigência de imunização contra covid-19 para entrada no Brasil, como recomendado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa, o uso de passaporte de vacinas em locais públicos e o controle da situação vacinal e a testagem de viajantes no país.

As últimas duas Semanas Epidemiológicas (SE), período de 7 a 20 de novembro, mostram nova queda nos indicadores da transmissão da Covid-19, com fortes oscilações dos registros nos estados. Foram notificados, ao longo das SE 45 e 46, uma média diária de 9,8 mil casos confirmados e 230 óbitos por Covid-19. Os valores representam a redução do número de casos registrados (-1% ao dia) e do número de óbitos (-1,2% ao dia). Houve também uma redução da taxa de letalidade, que vinha se mantendo em patamares em torno de 3%, para um valor mais próximo aos padrões internacionais, de 2,3%.

Apesar da queda dos indicadores, os cientistas do Observatório, responsáveis pelo Boletim, destacam que é fundamental manter o uso de máscara em ambientes abertos com aglomeração, ambientes públicos fechados e mesmo em ambientes privados fechados em circunstâncias que reúnam pessoas que não coabitam, especialmente os indivíduos de grupos vulneráveis.

“É importante reforçar a atenção com os níveis de transmissão devido à proximidade da temporada de festas e férias, quando pode haver decisões relevantes quanto à flexibilização de algumas medidas que, equivocadamente, poderiam estar apoiadas em dados de notificação com atrasos ou sujeitos a represamento e/ou não disponibilizados de modo oportuno”, afirmam os pesquisadores no Boletim. “Os dados são fundamentais para que o país possa estar preparado para identificar rápida e precisamente quaisquer possíveis surtos locais ou mesmo o retorno de altas taxas de transmissão da doença, como vem acontecendo em alguns países da Europa”.

A exemplo da edição anterior, o Boletim chama atenção para a nova onda de transmissão da Covid-19 em países europeus, que tem impactado principalmente locais com baixa cobertura vacinal e populações não vacinadas. Outra preocupação é a possibilidade de espalhamento de novas variantes nesses países, acompanhada pela grande mobilidade internacional.
O alerta é importante para a América do Sul, que vive um momento de baixa transmissão. O recomendado seria manter bom controle sanitário dos viajantes e prever a restrição de entradas, seja pela exigência de passaporte de vacinação, seja de testes negativos, conforme o que já vem sendo feito por vários outros países.

“As vacinas não bloqueiam completamente a transmissão, mas contribuem para reduzir os casos críticos, graves, internações e óbitos. Por isso, é importante continuar avançando para que a população complete o esquema vacinal de forma a continuar aumentando a cobertura vacinal”, observam os cientistas.
“A hipótese de que a proteção por ela conferida diminui com o decorrer do tempo tem levado à necessidade do reforço vacinal de forma mais generalizada na população adulta. Não priorizar esse reforço pode expor a risco de infecção uma parcela de pessoas vacinadas, devido a esta perda de imunidade”.