Advogada mostrou um trecho de uma suposta gravação de uma carta psicografada, que está inserido em um livro que reúne mensagens de sete jovens mortos no incêndioJuliano Verardi/Divulgação/TJ-RS

Porto Alegre - Nesta sexta-feira, a advogada Tatiana Borsa, que representa o réu Marcelo de Jesus dos Santos no júri do caso da Boate Kiss, pediu desculpas pelo uso de uma carta psicografada para defender o seu cliente. O recurso foi utilizado durante o júri na noite da última quinta-feira (9). 
"Isto aqui foram pais que foram a Minas Gerais, naquele momento de desespero, querer contato com os filhos. E aqui eu peço desculpa aos pais da Daniela, aos pais do Guilherme, aos pais da Stefani, do Leonardo, do Marcelo e da Melissa. Este não é o momento de nós falarmos de religião. É o momento der nós falarmos de amor", disse Tatiana,
Durante o juri, a advogada mostrou um trecho de uma suposta gravação de uma carta psicografada por Guilherme Gonçalves. A mensagem está inserida em um livro que reúne mensagens de sete jovens mortos no incêndio, lançada por pais das vítimas, e foi incluída nos autos do processo.
O texto indica que os familiares das vítimas não se esqueçam que os "responsáveis também têm famílias e não tiveram qualquer intenção quanto à tragédia acontecida" e classifica o incêndio como uma "fatalidade", além de aconselhar a "aceitar as determinações divinas".
"Até hoje estão procurando uma justificativa para a tragédia de Santa Maria que me vitimou e diria que fez não só o Brasil chorar, como também muitos pais. Ao invés de concentrar tanto nosso pensamento procurando por culpados, os convido a orarmos junto por todas as vítimas e seus afetos enlutados", diz a suposta vítima na gravação.
Enquanto o vídeo foi reproduzido pela defesa do músico, familiares das vítimas do incêndio presentes no tribunal saíram do local incomodados com o recurso utilizado pela defesa do músico. O recurso utilizado pela defesa do músico no julgamento gerou um enxurrada de críticas nas redes sociais.
A advogada pediu a absolvição de seu cliente, assim como a defesa de Mauro Hoffmann, sócio-proprietário da Kiss, e Luciano Bonilha Leão, assistente de palco da banda. A advogada do músico Marcelo argumentou que ele confiava no assistente da banda, responsável por cuidar da pirotecnia, e que seu cliente nunca teve intenção de matar outras pessoas.