De acordo com o ministério, a formalização para dar início a imunização nessa faixa etária deve ser estabelecida em 5 de janeiroMarcello Casal Jr/ Agência Brasil

Brasília - Uma nota técnica da secretária extraordinária de enfrentamento à Covid-19, Rosana Leite de Melo, enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF), afirma que a vacina contra o vírus para crianças de 5 a 11 anos é segura.
O posicionamento de Rosana, subordinada do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, vai contra os questionamentos feitos pelo presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele acredita haver uma "desconfiança" e "interrogação enorme" em relação aos supostos efeitos colaterais na aplicação dos imunizantes nessa faixa etária. 
"Antes de recomendar a vacinação [contra a] Covid-19 para crianças, os cientistas realizaram testes clínicos com milhares de crianças e nenhuma preocupação séria de segurança foi identificada", afirmou Rosana, em nota técnica.
Rosana afirmou ainda que a análise técnica da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) foi feita de "forma rigorosa e com toda a cautela necessária". "As vacinas [contra a] Covid-19 estão sendo monitoradas quanto à segurança com o programa de monitoramento de segurança mais abrangente e intenso da história do Brasil", disse no documento.
Na semana passada, dia 24, a pasta já havia recomendado a vacinação de crianças contra o coronavírus. Em nota, a pasta disse que é a favor da inclusão das crianças no Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19 (PNO).
Ainda de acordo com o ministério, a formalização para dar início a imunização nessa faixa etária deve ser estabelecida em 5 de janeiro.
"Assim como aconteceu em outras faixas etárias, a vacinação de crianças deverá priorizar grupos com deficiência permanente ou comorbidades, além de crianças que vivam no lar com pessoas com alto risco de evolução grave de Covid-19", afirmou, em nota.
Nas crianças sem comorbidades será realizada a imunização por faixa etária: de 10 a 11 anos, de 8 a 9 anos, de 6 a 7 anos e de 5 anos.
Na mesma nota, a pasta ressalta a consulta pública que foi aberta a pedido do ministro. De acordo com o documento publicado, que está em consulta pública até 2 de janeiro, a imunização do público de 5 a 11 anos deverá ser realizada com a autorização dos pais ou responsáveis e com a prescrição médica.
"As recomendações foram colocadas em consulta pública com o objetivo de dar transparência e abrir diálogo no processo de ampliação da campanha de vacinação contra a Covid-19", afirmou, em nota.
De acordo com Queiroga, o objetivo é esclarecer para sociedade, principalmente pais e responsáveis, sobre a ampliação da vacinação para crianças. “Nós queremos trabalhar para deixar as famílias brasileiras, pais e mães, muito tranquilos para que possam livremente optar por vacinar ou não seus filhos. Teremos a vacina pediátrica da Pfizer, que está sendo aplicada em países como EUA, França e Itália”, disse o ministro.
Vacinação em crianças
O governo federal tem criado barreiras para a imunização das crianças contra a covid-19. Neste mês, a Anvisa aprovou a vacina da Pfizer para a faixa etária de 5 a 11 anos. Porém, Queiroga afirmou que seria necessário ouvir a sociedade civil e especialistas sobre a aplicação do imunizante, mesmo tendo sido aprovado no órgão regulador brasileiro. 
Bolsonaro afirmar no dia 16 que iria divulgar os nomes dos técnicos da Anvisa que aprovaram o uso da vacina da Pfizer para crianças. Ele disse que pediu a lista de forma "extra-oficial" para que "todos tomem conhecimento" dos responsáveis pela aprovação.
"Anvisa diz que os pais sejam orientados a procurar médico se a criança apresentar dores repentinas, falta de ar. Vocês têm o direito de saber o nome das pessoas que aprovaram a vacina a partir de 5 anos para seus filhos. Você decide se compensa ou não", disse Bolsonaro.
Nesta segunda-feira, o ministro Ricardo Lewandowski, do STF, encaminhou à Procuradoria-Geral da República (PGR) uma notícia-crime protocolada no Tribunal pelo deputado federal Reginaldo Lázaro de Oliveira Lopes (PT-MG), que acusa Bolsonaro de incitação ao crime contra os servidores da Anvisa.
Diante do impasse e a questão ir parar no STF, Queiroga decidiu abriu uma consulta pública para debater o tema. O procedimento foi aberto no dia 22 e ficará disponível até o dia 2 de janeiro. Em entrevistas, o ministro afirmou que o tema não exigia urgência porque o número de óbitos por covid-19 nesta faixa etária era baixo.
Um levantamento apontou que a doença matou uma criança a cada dois dias no país. Até a semana passada, 301 morrem nessa faixa etária desde o início da pandemia.