No Rio de Janeiro, neste ano, são 1.366 leitos, com taxa de ocupação de 12% (161 pessoas internadas pela covid). Em 2021, o número era de 1.928, chegando a 1.176 pessoas internadas pelo vírus (61%)Divulgação / Alex Ribeiro

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) traz um alerta sobre a ocupação de leitos de UTI Covid-19 para adultos no Sistema Único de Saúde (SUS). Em nota divulgada nesta quarta-feira, 12, o Observatório Covid-19 Fiocruz mostra que um terço dos estados e dez capitais se encontram nas zonas de alerta intermediário e crítico. A análise se baseia em taxas observadas no dia 10 deste mês e em comparação com a série. Porém, a fundação ressalta que o patamar de leitos é diferente do verificado em 2021. 
Essa crescente se deve ao fato do avanço da variante ômicron da covid-19, que chegou ao país em 30 de novembro do ano passado. A cepa tem se mostrado mais contagiosa que as demais variantes já registradas pelas autoridades sanitárias. O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, admitiu na terça-feira, 11, que a ômicron já é a principal variante que causa infecção no país, com pouco mais de 40 dias em circulação.  “A variante Ômicron já é prevalente no Brasil, infelizmente”. 
Segundo a análise, o estado de Pernambuco (82%) está na zona de alerta crítico, enquanto Pará (71%), Tocantins (61%), Piauí (66%), Ceará (68%), Bahia (63%), Espírito Santo (71%), Goiás (67%) e o Distrito Federal (74%) na zona de alerta intermediário.
Entre as capitais, Fortaleza (88%), Recife (80%), Belo Horizonte (84%) e Goiânia (94%) figuram na zona de alerta crítico, enquanto Porto Velho (76%), Macapá (60%), Maceió (68%), Salvador (68%), Vitória (77%) e Brasília (74%) na zona e alerta intermediário.
No entanto, é importante se atentar para a diferença no número de leitos no ano passado para este ano. Em Pernambuco, por exemplo, no dia 2 de agosto do ano passado o número de leitos era 1.460, com uma taxa de ocupação de 47%, o que representava 686 internadas. Já no dia 10 deste mês, o número de leitos é de 857, com uma taxa de ocupação de 82%, o que representa 703 pessoas internadas.
O Rio de Janeiro que não figura nesses percentuais. Em 2021, o número de leitos era de 1.928, com uma taxa de ocupação de 61%, chegando a 1.176 pessoas internadas pelo vírus. Já neste ano, são 1.366 leitos, com ocupação de 12% (161 pessoas internadas pela covid).
A nota alerta para o novo crescimento nas taxas de ocupação de leitos de UTI diante da ampla e rápida proliferação da variante Ômicron no Brasil. Ao mesmo tempo, destaca que "menções a um possível colapso no sistema de saúde, neste momento, são incomparáveis com o que foi vivenciado em 2021".
Segundo os pesquisadores do Observatório, responsáveis pelo Boletim, o número de internações em UTI hoje ainda é "predominantemente muito menor" do que aquele observado em 2 de agosto, por exemplo, quando já no quadro de arrefecimento da pandemia leitos começavam a ser retirados. O documento ressalta ainda que o grande volume de casos já está demandando de gestores atenção e o acionamento de planos de contingência.
"Sem minimizar preocupações com o novo momento da pandemia, consideramos fundamental ratificar a ideia de que temos um outro cenário com a vacinação e as próprias características das manifestações da Covid-19 pela Ômicron. Por outro lado, não podemos deixar de considerar o fato de a ocupação de leitos de UTI hoje também refletir o uso de serviços complexos requeridos por casos da variante Delta e casos de Influenza", ressaltam os pesquisadores.
Eles destacam ainda que tão importante quanto estar atendo à necessidade de reabertura de leitos, é reorganizar a rede de serviços de saúde no sentido de dar conta dos desfalques de profissionais afastados por contrair a infecção, garantir a atuação eficiente da atenção primária em saúde no atendimento a pacientes empregando, por exemplo, teleatendimento, e prosseguir na vacinação da população.