Presidente Jair Bolsonaro Daniel Castelo Branco / Agência O Dia
Consultoria internacional aponta que ataques de Bolsonaro à democracia devem continuar
Constatação foi publicada no Índice de Democracia de 2021, divulgado nesta quinta-feira (10), pela Economist Intelligence Unit (EIU)
Brasília - O ataque às instituições democráticas, que foi uma marca do Brasil em 2021, deve continuar a ser feito pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) até as eleições de outubro, de acordo com o Índice de Democracia de 2021, divulgado nesta quinta-feira, 10, pela Economist Intelligence Unit (EIU).
Para a EIU, "Bolsonaro provavelmente continuará seus ataques às instituições democráticas e a minar a confiança na integridade eleitoral até as eleições de outubro de 2022, especialmente porque as pesquisas mostram que ele atualmente está atrás do ex-presidente da esquerda, Luiz Inácio Lula da Silva (2003-10)".
"O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, exigiu a renúncia de dois membros do Supremo Tribunal Federal", citou a publicação, mencionando uma investigação sobre acusações de que grupos pró-Bolsonaro estavam espalhando "fake news".
A EIU também comentou que o chefe do Executivo brasileiro questionou a integridade das urnas e do sistema de votação eletrônica do País, apesar de não haver evidência de fraude eleitoral. "Bolsonaro chegou a dizer que ignoraria os resultados das eleições presidenciais e legislativas de 2022, comentários que mais tarde ele retirou", lembrou.
De acordo com o Índice de Democracia, o Brasil ocupou no ano passado a 47ª posição, de um total de 167 países analisados. Na América Latina, que foi a região com maior deterioração em 2021 na comparação com 2020, a maior economia regional ficou em sexta colocação de um total de 24.
De acordo com a EIU, o compromisso cada vez mais fraco da América Latina com uma política de cultura democrática deu espaço para o crescimento de populistas não-liberais, como Jair Bolsonaro no Brasil, Andrés Manuel López Obrador no México e Nayib Bukele em El Salvador. Além disso, fomentou regimes autoritários na Nicarágua e na Venezuela. A Guiana, de acordo com o índice, foi uma exceção à regra da região, melhorando sua pontuação em 0,24 pontos e subindo dez posições no ranking para 65º lugar, de um total de 167 países analisados.
Revés
O levantamento afirma que a democracia na América Latina sofreu um "grande revés" em 2021. A região teve, no ano passado, a maior queda na comparação anual considerando todas as regiões do globo no indicador desde a sua criação, em 2006.
A pontuação média na região ficou em 5,83 no ano passado ante 6,09 pontos do ano anterior, considerando 24 países. De acordo com a pesquisa, apenas dois deles contavam com uma "democracia plena" em 2021 (eram três em 2020), 11 estão sob um sistema de "democracia falha" (eram 13 em 2020), sete em "regime híbrido" (eram cinco antes) e quatro em "regime autoritário" (eram três)
Os dados mostram que houve piora em todas as categorias do índice em 2021, processo liderado por um declínio acentuado na pontuação de "cultura política". "Isso reflete o descontentamento público com o tratamento dos governos da pandemia de coronavírus, que amplificou uma tendência pré-existente de crescente ceticismo sobre a capacidade dos governos democráticos para resolver os problemas da região e de tolerância crescente para governo autoritário", afirma a publicação.
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