PSOL quer revogações de reformas trabalhistas e da previdência e ações climáticas mais enfáticas para apoiar candidatura de LulaDivulgaÇÃo

O Partido dos Trabalhadores (PT) se reúne nesta quarta-feira, 9, com o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) para debater o apoio da sigla à candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Palácio do Planalto. Os petistas também devem apresentar uma resposta à carta de condições que o Partido Socialista Brasileiro (PSB) elaborou no começo de fevereiro para consolidar uma federação entre as legendas.
Enquanto os pessebistas buscam apoio em diversas disputas nos estados, a adesão do PSOL depende de Lula promover um "revogaço", a exemplo do que já sinalizou sobre a reforma trabalhista de 2017 e aprovar a tributação sobre grandes fortunas.
Como mostrou o Estadão, os membros do PSB podem desistir da aliança do casamento de quatro anos caso não ocorra um retorno favorável do PT. Isso, porém, não inviabilizaria uma aliança e o apoio à candidatura de Lula à Presidência. A sigla de Carlos Siqueira espera que os petistas cedam em apoios no Acre, Espírito Santo e Rio Grande do Sul. No Rio de Janeiro e em Pernambuco, o suporte já está garantido. São Paulo, no entanto, é um assunto que deve ser tratado depois e, nesta fase, não será decisivo.
De acordo com Guilherme Boulos, uma das lideranças da sigla mais próximas do petista, a base do acordo são 12 pontos programáticos que o PSOL considera fundamentais para a construção de uma "frente ampla" encabeçada por Lula.
Segundo Boulos, três pontos são prioritários para afinar a relação entre PSOL e PT nas eleições. O primeiro é a revogação do Teto de Gastos e da Reforma Trabalhista, medidas que o partido do ex-presidente já demonstrou simpatia. O segundo item é a realização de uma reforma que implemente um tributo para taxar os super-ricos. O terceiro é a adoção de uma agenda ambiental mais contundente, passando pela demarcação de terras indígenas e combate ao uso de fertilizantes químicos na agricultura.
Apesar das precondições programáticas, o apoio do PSOL a Lula já é dado como praticamente certo. Isso não significa que as siglas avancem o acordo para compor uma federação. Essa possibilidade é remota, assim como, em São Paulo, o partido rejeita apoiar Fernando Haddad e mantém a pré-candidatura de Boulos ao governo. "A forma como o partido colocou o debate na mesa com o PT não foi propondo contrapartidas em palanques regionais, o que seria legítimo, mas apresentando pontos programáticos que considera fundamentais para a campanha de Lula", escreveu Boulos, em artigo publicado na imprensa e compartilhado por ele em sua rede social.
Na mesma publicação, o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MTST) descreve Lula como "aquele que tem mais condições para liderar uma frente" contra o presidente Jair Bolsonaro (PL). Em agosto do ano passado, o grupo de Boulos venceu a disputa no congresso do PSOL e desbancou a ala antipetista do partido, abrindo caminho para a aliança com o provável candidato do PT.