Vacinação contra a covid-19Divulgação

O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) denunciou uma falsa enfermeira Cláudia Mônica Pinheiro Torres de Freitas e outras cinco pessoas envolvidas na comercialização e aplicação de supostas doses de vacina contra a covid-19 no início do ano passado. Os denunciados responderão pelos crimes de associação criminosa, estelionato, lavagem de dinheiro, uso de documento falso e falsidade ideológica. Os envolvidos, segundo as investigações, movimentaram cerca de R$ 700 mil.
Apesar de o MPMG ter comprovado que o grupo aplicou o golpe em centenas de vítimas, apenas duas pessoas ofereceram representação em relação ao crime de estelionato. A denúncia foi apresentada à Justiça no dia 8 de abril deste ano.
A Promotoria requereu à Justiça que, além de condenar os envolvidos pelos crimes narrados, determine que os acusados pague, a título de reparação, R$ 2.280,00 e R$ 6.500,00 às duas vítimas lesadas.

De acordo com o MPMG, a falsa enfermeira fazia se passar por enfermeira, sem possuir tal qualificação, preparava e aplicava as substâncias por ela descritas como imunizantes contra a covid-19, utilizando o nome do laboratório Pfizer. Ela fazia as vítimas acreditarem que se tratavam de vacinas contra a covid-19, quando, na realidade, a substância aplicada tratava-se de soro fisiológico.
"Ela fornecia às vítimas dos crimes de estelionato sua conta bancária e também de integrantes do seu núcleo familiar, ora denunciados, para depósitos dos valores dos falsos imunizantes”, destaca a denúncia.
Ainda conforme a denúncia apresentada pela 12ª Promotoria de Justiça Criminal de Belo Horizonte, a falsa enfermeira preenchia, de próprio punho, os cartões de vacinação das vítimas dos crimes de estelionato e também assegurava fornecê-los para as pessoas que recebessem a suposta vacina.

Segundo o Ministério Público, outro denunciado era o responsável por oferecer o falso imunizante a terceiros. A venda das supostas vacinas eram realizadas em nome da empresa Vaccinando, sendo que a falsa enfermeira era apresentada como sua representante legal, embora não o fosse.
Ainda de acordo com a denúncia, o outro denunciado também fornecia as contas bancárias para o recebimento dos valores. As investigações constataram pagamentos via Pix, TED e depósito bancário. Na denúncia, outra pessoa também era responsável por fornecer conta bancária de sua titularidade para recebimento – entre Pix, transferências bancárias e depósitos – de valores pagos pelas vítimas dos estelionatos pelas doses vendidas. Essa outra denunciada é filha da falsa enfermeira.
As investigações também apontam que outro denunciado, casado com a filha da falsa enfermeira, era o responsável por transportar a falsa enfermeira e os supostos imunizantes para os locais de vacinação. Ele também fazia a arrecadação dos valores quando os pagamentos feitos pelas vítimas eram efetuados com dinheiro em espécie.

A quinta pessoa denunciada, companheiro da falsa enfermeira, a acompanhava às residências das vítimas, onde eram aplicadas as supostas vacinas, bem como era o responsável por identificar bens a serem adquiridos pelo grupo visando dissimular as origens dos recursos ilícitos.

As investigações apontam que os valores recebidos pelas supostas vacinas nas contas dos denunciados tinham também o objetivo de não despertar a atenção do sistema bancário dos altos valores depositados na conta da falsa enfermeira, bem como ocultar a origem do dinheiro. Conforme o MP de Minas Gerais, eles movimentavam entre si e entre as próprias contas os respectivos valores.

Os recebimentos dos valores na conta do irmão da falsa enfermeira, outro denunciado, oriundos de transferências bancárias realizadas por outros denunciados, “da mesma forma, tinham o objetivo fraudar o controle do sistema financeiro relativo às pessoas físicas, ocultando a origem do dinheiro, distanciando os valores recebidos das contas de origem e dificultando a sua identificação”, ressalta o MPMG na denúncia.

O mesmo ocorria em relação aos valores recebidos pelo companheiro da falsa enfermeira, oriundos de transferências bancárias realizadas por outros três denunciados, que também tinham o objetivo ocultar a origem do dinheiro ilícito recebido das vítimas dos estelionatos, distanciando os valores recebidos das contas de origem e dificultando a sua identificação.