Em busca de apoio do eleitorado nordestino, o presidente Jair Bolsonaro deve intensificar a agenda na regiãoAFP

Gurinhém - O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse nesta quinta-feira, 5, que seu governo "não tem denúncias consistentes sobre corrupção". A fala mostra um ajuste no discurso do presidente, que antes repetia que não havia casos de corrupção em sua gestão
"O nosso governo não tem apresentado desvio de recursos, o nosso governo não tem denúncias consistentes sobre corrupção. Se aparecer, nós ajudamos a identificar os possíveis culpados e ajudar que a Justiça decida o seu destino", afirmou o presidente durante entrega de obras da transposição do São Francisco na Paraíba.
O mandato de Bolsonaro, como os de seus antecessores desde a redemocratização, também registra denúncias e suspeitas do crime Envolvem nomes importantes da gestão federal e aliados e geraram investigações, ainda em curso. Em março deste ano, por exemplo, o Estadão revelou a existência de um gabinete paralelo no Ministério da Educação, com a atuação de pastores que assumiam o controle de verbas da pasta. As denúncias culminaram com a demissão de Milton Ribeiro do ministério.
'Meu Nordeste'
Na viagem a Gurinhém, interior da Paraíba, Bolsonaro fez acenos à região do País onde o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seu principal adversário na disputa pelo Palácio do Planalto deste ano, tem mais força eleitoral. O presidente se referiu à região como "meu Nordeste" e exaltou as entregas do governo relativas à transposição do Rio São Francisco.
"É uma satisfação muito grande retornar ao meu Nordeste", disse Bolsonaro, que é paulista e construiu sua carreira política no Rio de Janeiro. "Nós libertamos o povo do Nordeste da escravidão do carro pipa", acrescentou, arrancando aplausos dos presentes.
Em seguida, contudo, o presidente se referiu aos nordestinos como "cabra da peste", expressão considerada preconceituosa, mas sempre utilizada por ele.
Bolsonaro ainda aproveitou o evento para dizer que respeita os policiais do Brasil, justamente no momento em que o governo está em crise com os policiais federais por não entregar a reestruturação das carreiras e menos de uma semana após Lula se envolver em uma polêmica com os profissionais de segurança pública. "Brasil tem um presidente que acredita em Deus, que respeita seus policiais e seus militares", afirmou.