Ministro da Educação, Victor GodoyMarcelo Camargo/Agência Brasil

Durante a audiência pública desta quarta-feira na Câmara dos Deputados, o ministro da Educação, Victor Godoy, alegou que não conversou com os pastores evangélicos Arilton Moura e Gilmar Santos no período em que esteve no cargo de secretaria-executiva da Pasta (2020-2022). Ele assumiu o cargo de chefe da pasta em março, depois que o ex-ministro Milton Ribeiro pediu demissão por conta dos escândalos envolvendo os líderes religiosos. 
"As únicas vezes em que participei de eventos com as presenças dos pastores citados nas reportagens foi a convite do ministro [Milton Ribeiro], para compor a mesa de abertura", afirmou Godoy. “Eu não participava da agenda desses pastores”, disse, após pergunta do deputado Kim Kataguiri (União-SP).
Apesar disso, Godoy assumiu ter assinado o ato de nomeação de Arilton Moura para assumir uma função no gabinete de Ribeiro, mas o nome foi vetado pela Casa Civil. Apesar disso, ele alegou que o ex-ministro "Nunca solicitou ou impôs que eu realizasse qualquer ato em desacordo com a legislação".
O atual ministro disse que irá colaborar com as investigações. "Durante a minha gestão, não serei leniente com qualquer irregularidade", disse.
Arilton Moura e Gilmar Santos foram acusados de montar um gabinete paralelo no Ministério da Educação, que envolveria a cobrança de propinas de prefeitos para a facilitar o acesso a recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).
Três comissões da Câmara ouviram o ministro durante sete horas (de Educação; de Fiscalização Financeira e Controle; e de Trabalho, Administração e Serviço Público). Ele foi questionado ainda sobre o suposto superfaturamento na compra de kits de robótica para escolas sem infraestrutura em municípios de Alagoas e Pernambuco.

Ele se defendeu alegando que o FNDE apenas fornece os recursos, mas que a compra dos kits é de responsabilidade dos estados e municípios. Atualmente, a compra de novos kits está suspensa por decisão do Tribunal de Contas da União (TCU). Godoy também negou o superfaturamento na compra de 3.850 ônibus para escolas e disse que o FNDE decidiu usar, no pregão, o preço mínimo cotado por veículo antes mesmo que saísse a primeira reportagem sobre o caso, decisão validada pela Controladoria-Geral da União (CGU).