Colaborador do jornal inglês 'The Guardian', Dom Phillips, desapareceu na companhia de Bruno Araújo Pereira no Vale do Javari Reprodução

A Polícia Federal prendeu, no início da noite desta segunda (6), duas pessoas suspeitas de envolvimento no desaparecimento do indigenista brasileiro Bruno Araújo Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips, funcionário do jornal britânico 'The Guardian'. De acordo com informações do jornal 'O Globo', os dois - pescadores identificados apenas por "Churrasco" e "Jâneo" - foram levados para a cidade de Atalaia do Norte, no Amazonas, e estão com a Polícia Civil para prestar esclarecimentos.
Agentes das Polícias Civil e Federal, da Força Nacional, da Frente de Proteção Etnoambiental Vale do Javari, e militares das Forças Armadas faziam buscas na região.
De acordo com as informações iniciais, a dupla desapareceu sem deixar rastros durante o trajeto entre a comunidade Ribeirinha de São Rafael e a cidade de Atalaia do Norte. A viagem de cerca de duas horas de barco, no entanto, não foi concluída. Procuradores do MPF-AM coordenam as ações de buscas.
Segundo Beto Marubo, membro da coordenação da Univaja, entidade composta por indígenas Marubo, Mayoruna (Matsés), Matis, Kanamary, Kulina-Pano, Korubo e Tsohom-Djapá, Bruno Araújo era alvo de ameaças de garimpeiros, pescadores e madeireiros pelo trabalho realizado na região que concentra as tribos indígenas mais isoladas do mundo.
"Enfatizamos que, conforme relatos dos colaboradores da Univaja, essa semana a equipe recebeu ameaças em campo, além de outras que já vinham sendo feitas à equipe técnica da Univaja, além de outros relatos já oficializados para a Polícia Federal e ao Ministério Público Federal em Tabatinga", afirmou.
O desaparecimento de Dom Phillips repercutiu no exterior. Colaborador do tradicional jornal 'The Guardian', o britânico acumula anos de bagagem como correspondente internacional, com artigos e reportagens publicadas no 'Washington Post', 'The New York Times' e 'Financial Times'. Apaixonado pela Amazônia, tema do livro que está escrevendo, Phillips vive no Brasil desde 2007.
Bruno Pereira é considerado um dos indigenistas mais experientes da Funai e é profundo conhecedor da região, onde foi Coordenador Regional da Funai de Atalaia do Norte por cinco anos.