Milton Ribeiro colecionou polêmicas enquanto chefiava a pasta de EducaçãoAgência Brasil

O ex-ministro da Educação do governo Bolsonaro, Milton Ribeiro, preso nesta quarta-feira, 22, em uma ação da Polícia Federal contra esquemas de corrupção e tráfico de influência na pasta, já acumula diversas polêmicas. Ele integrou a pasta entre julho de 2020 e março deste ano, quando foi divulgado um áudio de Ribeiro alegando que os repasses investigados na pasta aconteciam com anuência de Jair Bolsonaro.
No mesmo mês que o escândalo foi divulgado, em março, Ribeiro autorizou a produção e distribuição de Bíblias com a sua imagem impressa. O material seria destinado a um encontro religioso, mas segundo o jornal 'O Estado de S. Paulo', as obras foram dadas aos convidados de um encontro do Ministério da Educação (MEC) em Salinópolis (PA), a 220 quilômetros da capital do estado, Belém.
No evento, também estavam os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, que teriam um gabinete paralelo no MEC, responsável pela distribuição de verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Ambos tiveram suas fotos publicadas nesta edição da Bíblia.
Após a polêmica, Ribeiro usou sua conta oficial no Twitter para falar sobre o assunto. "Novamente agi com diligência e de forma tempestiva para evitar o uso indevido de minha imagem. Imediatamente, em 26 de outubro de 2021, enviei ofício desautorizando esse tipo de distribuição. Segue [sic] documentos comprobatórios", publicou.
Universidade para poucos
Milton Ribeiro deu uma entrevista à TV Brasil, em agosto de 2021 dizendo que a "universidade deveria, na verdade, ser para poucos, nesse sentido de ser útil à sociedade". Ele disse ainda que que as verdadeiras "vedetes" do futuro são os institutos federais, capazes de formar técnicos.
Na mesma entrevista, ele disse que alunos com deficiência "atrapalham" a aprendizagem dos colegas e não aprendem. Para se defender da repercussão negativa de sua fala, Ribeiro disse que o governo trabalha para que estes alunos tenham o acompanhamento que precisam em sala de aula.
"Nós temos, hoje, 1,3 milhão de crianças com deficiência que estudam nas escolas públicas. Desse total, 12% têm um grau de deficiência que é impossível a convivência. O que o nosso governo fez: em vez de simplesmente jogá-los dentro de uma sala de aula, pelo 'inclusivismo', nós estamos criando salas especiais para que essas crianças possam receber o tratamento que merecem e precisam", afirmou.
Inep e Enem
Cerca de três semanas da aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), em novembro de 2021, 37 servidores do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), entregaram seus cargos. A entidade é responsável pela aplicação da prova.
No ofício encaminhado pelos funcionários, os servidores citaram "fragilidade técnica e administrativa da atual gestão máxima" do órgão. Além disso, mencionaram casos de assédio moral, expostos em uma assembleia na ocasião da renúncia.
Pouco depois da saída dos servidores, uma equipe do MEC relatou uma tentativa de interferência na montagem da prova. Os profissionais alegaram que sofreram pressão psicológica e vigilância velada para que evitassem escolher questões polêmicas que poderiam o governo Bolsonaro, sem detalhar quais as questões.
Parlamentares abriram uma representação com as acusações e o Tribunal de Contas da União (TCU) abriu um procedimento para analisar o caso. O presidente do INEP, Danilo Dupas, negou as acusações.
Nomeações
Ribeiro foi duramente criticado após nomear Cláudia Mansani Queda de Toledo para coordenar a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).No entanto, a reitora teve um curso de pós-graduação com recomendação de descredenciamento pela própria Capes em 2017 por não ter atingido a nota mínima para continuar em funcionamento.