Weintraub diz que prisão de sucessor no MEC é resumo de 'infeliz pacto' de Bolsonaro
Ex-ministro da Educação e atual pré-candidato ao governo de São Paulo, vê prisão de Milton Ribeiro como consequência da aproximação do Centrão
Ex-ministro da Educação, Abraham Weintraub não poupou críticas a Bolsonaro no episódio que culminou a prisão de Milton Ribeiro, ex-gestor da mesma pasta - Agência Brasil
Ex-ministro da Educação, Abraham Weintraub não poupou críticas a Bolsonaro no episódio que culminou a prisão de Milton Ribeiro, ex-gestor da mesma pastaAgência Brasil
Rio - Ex-ministro da Educação, Abraham Weintraub não economizou críticas ao presidente Jair Bolsonaro (PL) no escândalo que apura possíveis esquemas de propina dentro do Ministério da Educação sob a gestão de seu sucessor, Milton Ribeiro, um dos alvos presos, nesta quarta-feira, 22, na operação da Polícia Federal. Antigo aliado do chefe do Executivo, Weintraub vê o projeto de reeleição ameaçado pelo abandono das bandeiras conservadoras e "infeliz pacto" com o Centrão.
"É o infeliz resumo do pacto firmado pelo presidente Jair Bolsonaro e os políticos do Centrão, e que culminou com a minha saída do MEC", disse Weintraub ao 'Globo'.
Pré-candidato ao governo de São Paulo pelo PMB, Weintraub não conta com o apoio de Bolsonaro, que apostou suas fichas no nome de Tarcísio de Freitas, ex-ministro de Infraestrutura. Exonerado do MEC em 2020 após uma série de desgastantes polêmicas — entre elas o inquérito que investiga ofensas e ameaças aos ministros do Supremo Tribunal Federal —, Weintraub 'ganhou' um cargo na diretoria do Banco Mundial, nos Estados Unidos.
O afastamento de Bolsonaro foi inevitável, marcado pelas críticas à perda da essência do projeto inicial de governo e bate-bocas com os filhos do presidente via redes sociais. A pré-candidatura ao governo de São Paulo foi considerada uma afronta pelo Planalto e escancarou de vez a oposição entre os antigos aliados.
Investigação A investigação da PF apura se houve favorecimento aos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura por parte do ministro, e a atuação em um gabinete paralelo dos líderes religiosos que administrariam, informalmente, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Em um áudio vazado, Ribeiro admitiu que as verbas eram repassadas a pedido de Gilmar e que todo o esquema acontecia com o consentimento do presidente Jair Bolsonaro.
Os pastores levavam prefeitos para reuniões com o ministro e, dias depois, os pleitos eram contemplados. Ao menos R$ 9,7 milhões foram pagos ou empenhados após agendas solicitadas pelos religiosos da igreja Cristo para Todos, um ramo da Assembleia de Deus, com sede em Goiânia. Somente em termos de compromisso foram firmados R$ 160 milhões em dezembro por interferência direta dos pastores. Para advogados, a atuação dos pastores pode configurar crime de tráfico de influência e de usurpação de função pública.
Os pastores também já tiveram acesso ao Palácio do Planalto, sendo recebidos pelo menos duas vezes pelo presidente Jair Bolsonaro. As portas do governo foram abertas aos dois religiosos pelo deputado João Campos (Republicanos-GO), que é pastor da Assembleia de Deus Ministério Vila Nova, ligado à convenção de Madureira.
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