Número de ataques a jornalistas cresceu 50% desde a eleição de Jair BolsonaroDivulgação Palácio do Planalto/Alan Santos

O Brasil registrou queda acentuada no ranking internacional de liberdade de expressão elaborado pela ONG ARTIGO 19. De acordo com o levantamento, desde 2015, o país perdeu 58 posições — saindo do 31º para o 89º lugar. O relatório reúne informações de 161 países, analisando a garantia de direitos de profissionais de imprensa, da sociedade civil e do cidadão de manifestar e comunicar livremente opiniões, sem receio de assédio, retaliações judiciais ou represálias.
De acordo com a ARTIGO 19, no período entre 2011 e 2021, o Brasil teve o terceiro pior desempenho nos indicadores de liberdade de expressão, perdendo apenas para Hong Kong e Afeganistão.
Em 2021, foram registrados 430 ataques a jornalistas e profissionais de comunicação, maior número desde a década de 1930. Levando-se em consideração 2018, ano da eleição de Jair Bolsonaro, houve uma alta de 50% nos casos. O relatório ressalta que, desde então, ocorreu a estigmatização da mídia por parte do governo — o que dificultou o trabalho da mídia.
Entre os casos analisados pela ARTIGO 19, encontram-se agressões físicas a repórteres, ameaças, assédios e perseguições on-line estimuladas por Bolsonaro e seus seguidores. A situação se agravou durante a pandemia da covid, quando as campanhas de desinformação tiveram, muitas vezes, a imprensa como alvo de fake news.
Cenário global
O levantamento da ARTIGO 19 constata que o trabalho da imprensa sofre ataques em escala global. Hoje, oito em cada dez habitantes do planeta vivem com menos liberdade de expressão do que há dez anos. A piora do quadro se justifica por uma conjunção de fatores: crise do clima, conflitos armados e deslocamentos em massa. Em tais situações, ativistas e comunicadores enfrentam grandes dificuldades para levar à população informações fundamentais.