Rio - A morte do diplomata e ex-ministro da Cultura Sergio Paulo Rouanet, criador da Lei de Incentivo à Cultura no Brasil, repercutiu entre acadêmicos, escritores e políticos ao longo deste domingo, 3. Pelas redes sociais, homenagens e mensagens solidárias à família do autor da Lei Rouanet se multiplicaram.
Companheiro de Rouanet na Academia Brasileira de Letras (ABL), Marco Lucchesi, escritor, poeta e tradutor emitiu um comunicado em que exaltou o colega como "grande filósofo, ensaísta, escritor" e descreveu a morte dele como "uma tristeza a mais em um ano tão difícil".
"Foi uma das figuras mais completas da cultura brasileira, um dos homens que mais altamente se portaram diante dos desafios da esfera pública; um grande pensador das nossas tradições ocidentais; aquele que defendeu teses sobre uma nova perspectiva do iluminismo e trouxe uma grande família de pensadores alemães para que fossem mais conhecidos no brasil, particularmente a Escola de Frankfurt", disse Lucchesi.
A pré-candidata MDB na corrida ao Planalto, senadora Simone Tebet destacou o importante legado deixado pelo intelectual como 'grande defensor e entusiasta da cultura brasileira' e destacada carreira como representante do país como diplomata.
"O Brasil perdeu Sérgio Paulo Rouanet. Diplomata, filósofo, antropólogo, ensaísta, professor universitário, ex-ministro da Cultura do Brasil e membro da ABL. Tantos feitos e adjetivos para descrever este grande defensor e entusiasta da cultura brasileira. Cultura é vida, é arte, é história", disse Tebet.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede) foi outro político que a lamentou a morte de Rouanet em suas redes sociais. "Recebemos a triste notícia da partida do grande Sergio Paulo Rouanet. Ele dedicou sua vida à luta pelos direitos humanos, pela cultura, por todos aqueles que são gravemente atingidos pela desigualdade. Foi e sempre será um exemplo! Meus sentimentos à família", postou o senador.
Morte
Autor da lei que beneficia a cultura no Brasil, o diplomata e ex-ministro da Cultura Sergio Paulo Rouanet morreu neste domingo, 3, no Rio de Janeiro, aos 88 anos. A informação, confirmada pelo Instituto Rouanet, revelou que o intelectual foi vítima do avanço da síndrome de Parkinson’s. Ele deixa a mulher, a filósofa alemã Barbara Freitag, e três filhos: Marcelo, Luiz Paulo e Adriana.
Com formação em ciências jurídicas e sociais e doutorado em ciências políticas, Sergio Paulo Rouanet foi professor do Instituto Rio Branco e ocupava a cadeira número 13 da Academia Brasileira de Letras (ABL) há 30 anos. Diplomata de carreira, o carioca ocupou como embaixador e cônsul nas embaixadas do Brasil na Dinamarca, Suíça, Alemanha e República Tcheca, além de ter exercido funções na Organização das Nações Unidas (ONU).
Em 1991, convidado pelo ex-presidente da República Fernando Collor de Mello, ocupou a Secretaria Nacional de Cultural, que tinha status de ministério à época. A breve passagem de cerca de um ano em Brasília deixou um importante legado com a criação da batizada Lei Rouanet, que autoriza produtores a buscarem investimento privado para financiar iniciativas artísticas e culturais. Em troca, as empresas podem abater parcela do valor investido no Imposto de Renda.
No governo de Jair Bolsonaro (PL), a Lei Rouanet passou a se chamar Lei de Incentivo à Cultura e sofreu um corte drástico no limite para captação de recursos: de R$ 60 milhões para apenas R$ 1 milhão por projeto.
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