O ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, usou suas redes sociais, neste sábado, 16, para informar que determinou à Polícia Federal que investigue a gravação de um filme em que um personagem com a faixa presidencial é morto em uma motociata. Segundo ele, fotos e vídeos da produção cinematográfica, que foram vazadas na internet, são "chocantes" e devem ser apuradas.
"Circulam nas redes fotos e vídeos de um suposto atentado contra a vida do presidente Bolsonaro. Produção artística??? Estamos estudando o caso para avaliar medidas cabíveis e apurar eventuais responsabilidades. As imagens são chocantes e merecem ser apuradas com cuidado", disse o ministro em uma publicação no Twitter.
Nas imagens compartilhadas, o personagem com a faixa presidencial está deitado no chão, com uma espécie de flecha que atravessa sua garganta. Ao fundo é possível ver equipes com material de gravação, câmeras, iluminação e um cenário. Ainda não há informações sobre a autoria da produção.
Procurada, a Polícia Federal ainda não se manifestou sobre a determinação do ministro. Os filhos de Bolsonaro se manifestaram sobre as imagens nas redes sociais e pediram explicações à Globo depois que apoiadores passaram a acusar a empresa de envolvimento na produção.
"Quantas horas Alexandre de Moraes dará para os produtores se manifestarem sobre discurso de ódio? Ou será que isso pode? Será que instigar outros Adélios pode? Tem método…", publicou o deputado federal Eduardo Bolsonaro.
O senador Flávio Bolsonaro também se manifestou. "Essa ideologia esquerdista mata e quer matar ainda mais! Tentaram matar Bolsonaro uma vez e não conseguiram, agora, até ensinam como fazer… Provavelmente algumas emissoras e jornais devem aplaudir tal manifestação cruzando os dedos", disse.
Diante das acusações de envolvimento com o caso, a TV Globo negou ser patrocinadora do material ou que a produção esteja vinculada aos seus canais. Segundo a empresa, as imagens seriam de um filme do cineasta Ruy Guerra, chamado "A Fúria".
Agência Nacional do Cinema (Ancine) diz em seu site que o filme foi selecionado em edital para receber uma verba de R$ 2 milhões do Fundo Setorial do Audiovisual, fundo público de fomento. Guerra disse não saber se as cenas realmente fazem parte do filme. A produção do longa emitiu uma nota alegando que "circula na internet uma imagem captada sem autorização de uma filmagem à qual atribui-se suposto, e infundado, discurso de ódio. Ruy Guerra filmou um longa-metragem de ficção que será lançado no final de 2023, portanto não há qualquer relação com o processo eleitoral e, muito menos, forjar fake news simulando um fato real", conclui o comunicado.
Confira a nota da Globo na íntegra
A Globo desmente que pertençam a produções suas - seja para canal aberto, canais fechados próprios ou Globoplay - vídeo e fotos que estão circulando nas redes sociais de gravação de obra ficcional mostrando um atentado ao presidente da República. A Globo não tem nenhuma série, novela ou programa com esse conteúdo. Segundo foi informada, a gravação seria de um filme do cineasta Ruy Guerra chamado “A Fúria”, que pretende fechar a trilogia iniciada com "Os Fuzis", de 1964, e "A Queda", de 1976. O Canal Brasil tem uma participação de apenas 3,61% nos direitos patrimoniais desse filme, mas jamais foi informado dessas cenas e, como é praxe em casos de cineastas consagrados, não supervisiona a produção. Embora tenha participação acionária no Canal Brasil, a Globo não interfere na gestão e nos conteúdos do canal.
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