Arruda comemorava o seu aniversário de 50 anosTwitter - Gleisi Hoffman

Há uma semana, o guarda municipal e tesoureiro do PT Marcelo Arruda foi morto a tiros, em Foz do Iguaçu (PR), durante o próprio aniversário pelo policial penitenciário federal, Jorge José da Rocha Guaranho, que invadiu a sua festa gritando palavras de apoio ao presidente Jair Bolsonaro. Imagens divulgadas pelo 'Fantástico' mostram Arruda sendo levado à ambulância após ser baleado. Ele morreu no hospital.

Pelo menos 50 pessoas foram para a festa de 50 anos de Marcelo, entre adultos e crianças. Ele escolheu, como tema da sua comemoração, o Partido dos Trabalhadores (PT) e o ex-presidente Lula. Além de ser tesoureiro do partido, Arruda também já foi candidato a vice-prefeito de Foz do Iguaçu.
Por um aplicativo no celular, os diretores da Associação Esportiva Saúde Física Itaipu (Aresf), um clube formado por agentes de segurança pública e privada onde estava sendo realizada a festa, conseguiam acessar as imagens do circuito de câmeras em tempo real.
Um dos diretores estava participando de um churrasco, a 700 metros da associação, acessou as imagens pelo celular, por volta das 21h da noite e viu a comemoração de Marcelo. Ao lado dele, estava o agente penitenciário Jorge Guaranho.
Em depoimento, o diretor que estava vendo as imagens conta: "Estava próximo ao churrasqueiro, junto com o Guaranho. Estava, acho, que atrás de mim. Ele viu, e falou: 'Na Aresf’? Falei que sim'".

O diretor disse que Guaranho não esboçou reação e ficou mais três horas ali. Quase no fim da festa de Marcelo Arruda, um carro branco chegou no estacionamento. Era policial penitenciário, que chega chamando à atenção e fazendo o seu primeiro ataque.
"Alguém chega gritando: 'Bolsonaro aqui é mito, Lula ladrão', não sei o quê... Achamos que era alguém que ainda estava chegando atrasado para a festa e falei: 'Mais um amigo seu bolsonarista que chegou’'", detalha um amigo de Marcelo Arruda, que não quis se identificar.

O tesoureiro ouviu os gritos de Guaranho e foi até o lado de fora da festa. "O Marcelo falou algumas coisas para ele. Falou assim: ‘Vai embora, cara, isso aqui é uma festa particular. Vai embora, sai daqui'", conta a viúva.
Marcelo então resolveu ir para o lado de fora, pegou um pouco de terra e jogou no carro. Guaranho reagiu apontando a arma em direção à vítima, mas arrancou com o carro e foi embora com a esposa, que estava no banco de trás.
"Eu ouvi que o cara começou a gritar: 'vou matar todos vocês petistas'", diz Leonardo Miranda de Arruda, filho de Marcelo.
Em seguida, o guarda municipal foi até o carro e pegou sua arma, temendo que Guaranho voltasse para a festa.
O policial penitenciário mora perto do clube e foi para casa. Em depoimento à polícia, a mulher dele contou que ele dirigiu até em casa apenas para deixá-la junto com o filho pequeno, de 2 meses, que também estava no carro. Guaranho reafirmou a esposa que iria voltar para a festa.
Jorge Guaranho publicou essa imagem nas redes sociais em 19/01/2021 - Divulgação
Jorge Guaranho publicou essa imagem nas redes sociais em 19/01/2021Divulgação
A mulher de Guaranho também conta que implorou para que ele ficasse em casa e não voltasse para a festa de Marcelo.

"Eu falei para ele assim: 'Por favor, vida, pelo nosso filho, não volta’', disse a esposa de agente penitenciário em depoimento.
Mas não adiantou. O policial penitenciário voltou, sacou a arma e comeu disparar contra Marcelo. Já ferido e no chão, Marcelo reagiu e atirou em Guaranho, que caiu no fundo do salão.
Nas imagens divulgadas pelo "'Fantástico' mostram Arruda sendo levado à ambulância após ser baleado, ele morreu no hospital.
Marcelo é transferido para uma ambulância após ser baleado - Reprodução: TV GLOBO
Marcelo é transferido para uma ambulância após ser baleadoReprodução: TV GLOBO
Jorge Guaranho está internado em estado grave e tem ordem de prisão preventiva emitida.

A Polícia Civil do Paraná concluiu nesta sexta-feira (15) que não houve motivação política no assassinato do tesoureiro do PT. Jorge Guaranho foi indiciado por homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe e causar perigo comum, de acordo com a delegada Camila Cecconello.