Celso Mello, ex-ministro do Supremo Tribunal FederalNelson Jr./SCO/STF

São Paulo - Em meio a grande mobilização de entidades da sociedade civil contra os recentes ataques do presidente Jair Bolsonaro contra o sistema eleitoral, o ex-decano do Supremo Tribunal Federal, ministro Celso de Mello, hoje aposentado, prega uma reação aos "pronunciamentos de um político menor e medíocre". Para Celso, o presidente "busca permanecer na regência do Estado, mesmo que esse propósito individual, para concretizar-se, seja transgressor do postulado da separação de poderes e revelador de uma irresponsável desconsideração das instituições democráticas".
"Bolsonaro, além de sua distorcida visão de mundo, sustentada e exposta por quem ele realmente é, desnuda-se ante a Nação como um político medíocre e que, além de possuir desprezível espírito autocrático, também expôs-se, em plenitude, em sua conduta governamental, como a triste figura de um Presidente menor, sem noção dos limites éticos e constitucionais que devem pautar a conduta de um verdadeiro Chefe de Estado, capaz de respeitar a autoridade suprema da Constituição da República", frisou.
A declaração do ex-ministro do STF consta de uma carta que enviou ao ex-procurador-geral de Justiça de São Paulo Luiz Antonio Guimarães Marrey. Trata-se de uma resposta de Celso de Mello ao convite para leitura da Carta em Defesa da Democracia, manifesto criado na Faculdade de Direito da USP, durante evento nas Arcadas do Largo São Francisco no próximo dia 11.
Celso de Mello recomenda ao País que se insurja "contra as tentações autoritárias e as práticas governamentais abusivas".
"A resposta do povo brasileiro às graves (e ameaçadoras) manifestações do atual Presidente da República, indignas da majestosa importância da Lei Fundamental de nosso País, além de necessária e imprescindível, só poderá ser uma: insurgir-se contra as tentações autoritárias e as práticas governamentais abusivas que degradam, deformam e deslegitimam o sentido democrático das instituições e a sacralidade da própria Constituição", frisou Celso de Mello.
O ex-presidente do STF vê "sórdidas manobras golpistas" e sugere: "Torna-se importante que aqueles que respeitam a institucionalidade e que prestam fiel reverência à nossa Constituição reajam - e reajam sempre com apoio e sob o amparo da Lei Fundamental do Brasil - às sórdidas manobras golpistas , às sombrias conspirações autocráticas e às inaceitáveis tentações pretorianas de submeter o nosso País a um novo e ominoso período de supressão das liberdades constitucionais e de degradação e conspurcação do regime democrático".