Bancos públicos divergiram e optaram por uma posição de 'neutralidade' Marcelo Camargo/Agência Brasil

A Caixa e o Banco do Brasil (BB) não endossaram o apoio da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) ao manifesto em defesa da democracia, segundo apurou o Estadão.
Os dois bancos públicos divergiram e optaram por uma posição de "neutralidade" para não gerar "gesto político" em pleno período eleitoral, segundo fontes das duas instituições. Mesmo assim, dizem, sob condição de anonimato, que Caixa e BB mantêm compromisso com a democracia, o Estado de Direito, a independência dos Poderes e a soberania do voto, mas avaliaram que não é o momento de se manifestarem abertamente, já que são controlados pelo governo federal.
Mais cedo, a Febraban informou que, "no âmbito de sua governança interna, por maioria, deliberou por subscrever documento encaminhado à entidade pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), intitulado 'Em Defesa da Democracia e da Justiça'".
A expectativa é de que o tom do manifesto organizado pela Fiesp seja mais ameno que o manifesto dos ex-alunos da Faculdade de Direito da USP, que recebeu apoio de banqueiros e empresários e já conta com mais de 100 mil assinaturas.
A Febraban também deve participar de um evento na Faculdade de Direito da USP no dia 11 de agosto, em ato em defesa da democracia. Os manifestos em defesa da democracia, dos tribunais superiores e da Justiça Eleitoral se antecipam aos atos de Sete de Setembro, que estão sendo organizados por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL).
No ano passado, Caixa e BB ameaçaram deixar a Febraban também por causa do apoio em um manifesto a favor da democracia. O ex-presidente da Caixa Pedro Guimarães capitaneou a ameaça. Ele foi demitido do comando do banco estatal no fim do mês passado depois que vieram à tona denúncias de abuso sexual e moral aos funcionários.
Para contornar o imbróglio em 2021, a Febraban manifestou respeito pela opção do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, que se posicionaram contrariamente à assinatura do manifesto", mas reiterou o voto da maioria de seu conselho e manteve o apoio ao manifesto, que não citou o presidente Jair Bolsonaro nem faz críticas diretas ao governo federal.