Imagens de segurança mostram o momento que Barbara deixa a padaria em Ribeirão das NevesReprodução

Belo Horizonte - Paulo Sérgio de Oliveira, apontado como o principal suspeito de ter sequestrado e matado a menina Bárbara Vitória, de apenas 10 anos, em Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, Minas Gerais, foi encontrado morto na tarde desta quarta-feira, 3, em Cachoeirinhas. A poucos quilômetros da cidade, o corpo da criança era sepultado por parentes e amigos, em cerimônia que uniu tristeza e revolta.
"Policiais civis já estão no local, onde já realizam levantamentos investigativos. Por enquanto não é possível determinar a causa da morte, mas há indícios de possível suicídio", afirmou o porta-voz da Polícia Civil de MG, Saulo Castro, nesta tarde.
Paulo Sérgio de Oliveira, de 50 anos, seria o homem de roupas pretas e boné que, em vídeo de uma câmera de segurança voltada para a rua, aparece andando junto à menina e conversando com ela, momentos antes do crime. Na sequência das imagens, ele vai a algum lugar, enquanto ela espera parada por ele e, em seguida, voltam a caminhar.
A criança saiu para comprar pão para a família no fim da tarde do último domingo (31) quando, na volta para casa, acabou perseguida e atacada. Câmeras obtidas pela Polícia Civil mostram ela correndo, desesperada, minutos após ter deixado normalmente o estabelecimento.
No início da semana, o mesmo suspeito foi ouvido e liberado pela polícia por falta de provas, mesmo após ter admitido que havia estado com a criança naquela tarde e, também, de os agentes encontrarem na casa dele uma sacola de pão semelhante à que Bárbara levava após ter comprado na padaria.
Gravações também mostravam dois homens correndo logo atrás dela, que se tornaram suspeitos. A advogada da família, Aline Fernandes, no entanto, disse em entrevista ao Estado de Minas, durante o velório, que houve um mal entendido e que os rapazes estavam, na verdade, indo em direção a um ponto de ônibus, apressando-se para alcançar o coletivo. Eles estariam, inclusive, prestando apoio à família. Ela acrescentou ainda que fará uma investigação paralela, por conta da demora da polícia em obter respostas.
Muito abalado, o pai, Rogério Rodrigues, desabafou com a imprensa durante o velório, no início do dia, e disse estar vivendo os piores dias de sua vida.
"Eu só quero justiça, que prendam a pessoa que fez essa covardia com a minha filha. Maltrataram, machucaram uma criança dócil, que não fazia mal a ninguém... só quero que prendam e achem o culpado, porque não tem cabimento fazer isso com uma criança de 10 anos", disse, em trecho publicado pelo G1. Vou enterrar daqui a pouco um pedaço de mim, uma criança. Foi um covarde que fez isso, um monstro.
O corpo foi sepultado com uma bandeira do Atlético-MG sobre o caixão, clube o qual Bárbara era apaixonada. Ela vestia uma blusa do galo quando sofreu o ataque. O clube, que lamentou o caso nas redes sociais e enviou ramos de flores à família, pretende homenageá-la esta noite, no jogo contra o Palmeiras.
Procurada, a Polícia Civil de Minas Gerais informou apenas que a investigação segue nos trâmites legais, sob sigilo, até o final das diligências necessárias. Nesta quarta, a Ordem dos Advogados do Brasil em Minas Gerais (OAB-MG) divulgou uma nota em apoio à família.
"A Comissão Especial de Enfrentamento à Violência Doméstica e Familiar da Ordem dos Advogados do Brasil Seção Minas Gerais, por sua Presidente, vem a público manifestar solidariedade e apoio à familia da menor Bárbara Vitória Vitalino. A violência contra crianças demonstra a mais cruel face com que a sociedade vem se deparando, e exige de todos nós o comprometimento com o combate e prevenção de tais situações", escreveu Isabel Araújo Rodrigues.
"A defesa de crianças e adolescentes, segundo a Constituição, cabe a toda sociedade, e por esta razão, a Ordem dos Advogados do Brasil Seção Minas Gerais coloca- se à disposição da familia enlutada e das Autoridades, com intuito de contribuir, dentro de suas atribuições, para a apuração célere dos fatos e a realização da Justiça".