Jô Soares faleceu, nesta sexta-feira, aos 84 anosGlobo/Ze Paulo Cardeal

Rio - O corpo do apresentador e humorista Jô Soares será cremado em Mauá, cidade na região metropolitana de São Paulo. A ex-mulher do artista, Flávia Pedras, conduzirá a cerimônia. Uma das maiores personalidades da TV brasileira, Jô faleceu, nesta sexta-feira, aos 84 anos, após passar uma semana internado no Hospital Sírio-Libanês para tratar uma pneumonia. A causa da morte não foi divulgada.
Na tarde de sexta-feira, amigos e familiares se despediram do apresentador em cerimônia restrita. O velório reuniu famosos como Zélia Duncan, Tiago Leifert, Drauzio Varella, Serginho Groisman e Juca de Oliveira. O apresentador Silvio Santos mandou uma coroa de flores para Jô Soares. O maestro João Carlos Martins, Juca Kfouri e Dan Stulbach são outros nomes que prestaram suas últimas homenagens ao veterano.
A morte de Jô Soares também foi lamentada por diversos artistas nas redes sociais. O comediante Carlos Alberto de Nóbrega se emocionou ao falar sobre a amizade que tinha com o apresentador em vídeo publicado no Instagram. "Eu queria que o meu choro fosse só meu, porque a vida não é só o sucesso, não é só o dinheiro, é o que a gente planta, são as amizades que a gente tem. Eu chorei a morte do maior gênio que surgiu na televisão brasileira", declarou ele.
Até o momento, não foi divulgada a causa da morte do humorista conhecido por comandar os programas de entrevistas "Jô Onze e Meia", no SBT, e "Programa do Jô", na TV Globo. Ao "SP1", a produtora Anne Forlan garantiu que Jô não foi vítima de complicações da covid-19 e revelou que o apresentador enfrentava "problemas urinários". No "Encontro", foi informado que a família do ator não revelará a causa oficial da morte em respeito a um pedido de Jô.
Ícone do humor
José Eugênio Soares, o Jô Soares, nasceu no dia 16 de janeiro de 1938, no Rio. O humor sempre foi sua marca registrada em todas as atividades, seja no teatro, na TV, no cinema, e na literatura. Jô se destacou por ser um dos principais comediantes do Brasil e é considerado um dos pioneiros do stand-up. O veterano participou de atrações que fizeram parte da história da televisão, como "A família Trapo" (1966), "Planeta dos homens" (1977) e "Viva o Gordo" (1981).
Filho único do empresário Orlando Heitor Soares e da dona de casa Mercedes Leal Soares, Jô Soares foi estudar em um colégio interno na Suíça aos 12 anos. Ele ficou por lá até os 17. Foi na Suíça que começou a se interessar por teatro e shows.
Em 1958, Jô estreou na TV. Ele participou do programa "Noite de Gala" e começou a escrever para o "TV Mistério", que contava com Tônia Carrero e Paulo Autran no elenco. Ambos eram exibidos pela TV Rio. Ainda na emissora, Jô esteve no "Noites Cariocas". Logo em seguida, ele também atuou e escreveu para humorísticos da TV Continental.
O veterano também fez participações no "Grande Teatro Tupi", da TV Tupi, ao lado de nomes como Fernanda Montenegro, Ítalo Rossi, Sérgio Britto e Aldo de Maia. Em 1960, Jô se mudou para São Paulo e começou a trabalhar na TV Record, onde escreveu várias atrações, como “La reuve chic”, “Jô show”, “Praça da alegria”, “Quadra de azes, “Show do dia 7” e “Você é o detetive”.
“A família trapo”, exibido entre 1967 e 1971, exibida aos domingos, foi o grande destaque desta época. Jô começou apenas escrevendo o roteiro, ao lado de Carlos Alberto de Nóbrega, mas depois ganhou um papel na atração: o mordomo Gordon. O elenco contava ainda com nomes como Otelo Zeloni, Renata Fronzi, Ricardo Corte Real, Cidinha Campos e Ronald Golias.
O artista deixou a "Família Trapo" um ano antes de seu fim, em 1970, e assinou contrato com a TV Globo, onde ficou por 17 anos. Sua estreia foi no programa "Faça Humor, Não Faça Guerra", como roteirista. Em 1973, trabalhou em "Satiricom". Em 1977, se dividiu entre as funções de ator e redator no programa "O Planeta dos Homens", que ficou no ar até 1982. No entanto, Jô deixou a atração um ano antes para se dedicar ao projeto de "Viva o Gordo".
Em 1987, seu contrato com a TV Globo chegou ao fim e o artista estreou no SBT com o programa "Jô Soares Onze e Meia", que ficou no ar por 11 anos e rendeu mais de seis mil entrevistas. Ele voltou para a TV Globo no ano 2000, quando estreou o "Programa do Jô", que ficou no ar até 2016.
No dia 16 de dezembro de 2016, Jô Soares se emocionou em seu programa de despedida, em que entrevistou o cartunista Ziraldo. "Que alegria ver tantos amigos queridos aqui na plateia. O programa só durou esse tempo todo graças a essa equipe. Minha vida realmente mudou graças à plateia, sem vocês eu não existo. A todo esse pessoal, meu eterno beijo do Gordo".