Carlos Alberto de Nóbrega se despede de Jô Soares com relato emocionanteReprodução
Carlos Alberto de Nóbrega se emociona ao relembrar amizade com Jô Soares: 'Gênio'
'Não conheci ninguém mais culto do que o Jô', declarou o humorista em vídeo que fala sobre a relação com o apresentador
Rio - Carlos Alberto de Nóbrega foi às lágrimas, na noite desta sexta-feira, ao lamentar a morte de Jô Soares. Em vídeo publicado no Instagram, o humorista explicou que não quis dar entrevistas sobre a perda do apresentador e relembrou episódios que viveu ao lado do amigo, de quem se afastou quando deixou a TV Globo para trabalhar no SBT.
"Quero que vocês entendam uma coisa: eu fiz uma troca, eu troquei as dezenas de pedido de entrevista pelo silêncio", começou o veterano, com a voz embargada. "Eu queria que o meu choro fosse só meu, porque a vida não é só o sucesso, não é só o dinheiro, é o que a gente planta, são as amizades que a gente tem. Eu chorei a morte do maior gênio que surgiu na televisão brasileira. Não conheci ninguém mais culto do que o Jô. Não conheci", declarou Carlos.
Em seguida, o ator contou uma das aventuras que teve com José Eugênio Soares: "Eu chorei o amigo, eu chorei que me lembrei de quando nós compramos um carro, e o carro do Jô pegou fogo e o meu veio quebrado. Nós tínhamos 20 e poucos anos e falei: 'Jô, vou devolver esse carro e se ele não aceitar, eu vou dar uma surra nesse cara'. E sabe o que o Jô falou? 'Sabe o que eu vou fazer, como eu não sei brigar, eu vou sentar em cima dele', ele tinha 150 quilos naquela época", relatou.
Nóbrega ainda citou o período da ditadura militar no Brasil, quando escondia livros de Jô: "Eu chorei pela ditadura, que não permitia que se lessem determinados livros que eles queimavam. E, várias vezes, eu estava na casa do Jô, telefonava, 'olha os homens estão procurando livros', eu tinha um carro com porta-malas grande, eu coloca os livros, no meu carro, que ficava na porta, e levava meu carro pro estacionamento. Dias depois, trazia os livros de volta.
"Chorei coisas que a televisão nunca viu. A simplicidade, o respeito que o gênio tinha por um redator que estava começando. Nós nunca disputamos uma liderança. Só que a vida nos separou. Na Globo, quando eu não tinha mais o lugar que eu achava que eu deveria ter nos 'Trapalhões', eu fui pedir para trabalhar com ele, mas não me deixaram. Eu saí e vim pro Silvio Santos", continuou.
Antes de encerrar, Carlos Alberto relembrou o momento em que convidou Jô para trabalhar na emissora paulista: "Uma das primeiras coisas que eu fiz quando assumi a direção artística foi chamar o Jô para trabalhar comigo. 'Você teria coragem de ir trabalhar no SBT?' Ele falou 'o dinheiro do Silvio é igual o do Roberto Marinho, se ele me der uma chance de fazer uma entrevista'. Nunca falei isso para ninguém", finalizou.
Em 1987, chegou ao fim o contrato de Jô Soares com a TV Globo e o artista estreou no SBT com o programa "Jô Soares Onze e Meia", que ficou no ar por 11 anos e rendeu mais de seis mil entrevistas. Ele voltou para a TV Globo no ano 2000, quando estreou o "Programa do Jô", que ficou no ar até 2016.
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