Dezenas de pessoas se reuniram em frente ao condomínio, no bairro da Barra Funda, zona Oeste da capital paulistaReprodução/Twitter
Manifestantes fazem ato na porta de prédio onde Eddy Jr sofreu injúria racial
Artistas e ativistas pediram punição para moradora que atacou humorista
São Paulo - Dezenas de manifestantes participaram de um ato contra o racismo em São Paulo, na noite desta quinta-feira, 20, após o humorista Eddy Jr, de 27 anos, sofrer ataques de uma vizinha do prédio onde mora. O ato contou com a participação de representantes do movimento negro, moradores e artistas, como a apresentadora Astrid Fontenelle, o também humorista Paulo Vieira e o comediante Yuri Marçal. A ONG Coalizão Negra Por Direitos também marcou presença.
Em defesa de Eddy, que foi morar em um hotel após os ataques, manifestantes se reuniram em frente ao condomínio United Home & Work, no bairro Barra Funda, na Zona Oeste da capital. Aos gritos, eles pediam a expulsão de Elizabeth Morrone, de 69 anos, que insultou Eddy na última terça-feira, 18, chamando-o de "macaco", "imundo" e "bandido". Ela também se negou a subir no mesmo elevador em que o humorista.
Sob clima de revolta, o grupo dizia mensagens de "fora racista", "não passarão" e "agora é assim". Em resposta, moradores do prédio piscavam as luzes dos apartamentos. Em um cartaz, Paulo Vieira, estrela do elenco da TV Globo, exibia a frase: "Nenhum preto vai ficar sozinho".
Após o ato, Eddy publicou nas redes sociais um agradecimento. "A manifestação me fez ter a certeza que os momentos de pânico que vivi naquele mesmo local serão o impulsionador para mudanças efetivas! Deixo aqui meu agradecimento a cada um que participou desse momento histórico na luta antirracista!".
Internautas também repercutiram o protesto. "Teve ato em frente ao prédio do Eddy. Me arrepiei toda vendo e quase chorei", disse uma. "Pessoas negras não aguentam mais e não ficarão caladas nem paradas. Será que desenhando os racistas entendem?", questionou outra.
De acordo com a Polícia Civil, o caso foi registrado como injúria e discriminação racial na noite de quarta-feira, 19. A vítima representou criminalmente contra a suspeita na Delegacia de Repressão aos Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi). O filho da moradora também está envolvido no caso, já que esteve na porta do apartamento do humorista com uma faca para ameaçá-lo.
A advogada Natália Cruz, também moradora do condomínio, disse ao "Jornal Nacional", da TV Globo, também ter sido vítima de racismo pela mesma vizinha que insultou o humorista.
Procurada pelo DIA, a defesa de Morrone não se pronunciou até o momento dessa reportagem. Ao "JN", o advogado da idosa, Fermison Guzman, alegou que "a cliente é inocente" e que as "desavenças com o Eddy Jr. jamais tiveram relação com racismo ou qualquer tipo de preconceito".
Segundo a Polícia Civil, a mulher será chamada para prestar depoimento nos próximos dias.
*Estagiária sob supervisão de Raphael Perucci
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