Unicef alerta para impactos de mudanças climáticas entre jovensReuters/MohamedAbdElGhany
De acordo com o relatório, a crise climática causa efeitos na frequência de chuvas, na amplitude térmica, nas ondas de calor, além de interferir na quantidade e intensidade de eventos extremos, como ciclones e queimadas, além do prolongamento de secas extremas.
Para a representante interina do Unicef no Brasil, Paola Babos, as mudanças climáticas e a degradação ambiental enfraquecem os direitos de crianças e adolescentes.
Paola Babos destacou que o impacto é maior em crianças e adolescentes que vivem em situação de vulnerabilidade como indígenas, moradores de comunidades tradicionais, negros, migrantes e refugiados e especificamente, as meninas.
De acordo com o Unicef, entre as necessidades que devem ser respeitadas e garantidas para a faixa de idade estão os direitos à vida, à saúde, ao desenvolvimento, ao ensino, à proteção contra violência, à água potável, ao saneamento e à proteção social.
O estudo lembra ainda que, conforme o Censo Escolar (Inep, 2019), 26% das escolas públicas brasileiras não têm acesso ao abastecimento público de água, e quase 50% não têm acesso à rede pública de esgoto.
Recomendações
A lista de recomendações começa com o pedido de prioridade absoluta para crianças e adolescentes na pauta climática, para que não tenham que crescer privados da plena realização dos seus direitos.
O relatório lembra que é preciso garantir financiamento e recursos para a execução de políticas e projetos climáticos sensíveis aos direitos de crianças, adolescentes e jovens, além do desenvolvimento de estratégias que levem em conta os riscos específicos de crianças, adolescentes e jovens indígenas e de outras comunidades tradicionais, negros e meninas.
O estudo defende também prioridade para investimentos em educação e desenvolvimento de competências de crianças, adolescentes e jovens sobre meio ambiente, mudanças climáticas e habilidades ecológicas. “Capacitando-os para enfrentar a crise climática e participar das soluções e da crescente economia verde e azul'', explicou Paola Babos.
O Unicef propõe ainda a adaptação dos serviços públicos que atendem crianças e adolescentes com base nos cenários de vulnerabilidade e risco de desastres e nas possibilidades de mudanças de longo prazo nas temperaturas, como forma de garantir a infraestrutura de escolas e hospitais, para assegurar o bem-estar dos usuários e a continuidade dos serviços essenciais.
A lista termina sugerindo o engajamento da sociedade e do setor produtivo em defesa da adoção de medidas de preservação ambiental e de manejo sustentável das cadeias de produção e de transporte.
“É por isso que o Unicef, com esse relatório, reforça a urgência de priorizar os direitos de crianças e adolescentes na agenda climática, agindo para mudar esta realidade”, acrescentou.
Jovens na COP 27
Segundo a oficial do Programa Cidadania de Adolescente do Unicef no Brasil, Rayanne França, o objetivo da participação dos jovens é pautar crianças e adolescentes no debate climático.
O oficial de monitoramento e avaliação do Unicef no Brasil, Danilo Moura, disse que jovens que moram em regiões vulneráveis se preocupam com a situação e não deixam de participar de debates sobre mudanças climáticas.
Durante a preparação para a COP27, representantes do Unicef reuniram-se com integrantes do Itamaraty para apresentar as principais recomendações do estudo. “Achamos que o Brasil pode ter uma liderança importante nessa agenda de mudanças climáticas com crianças e adolescentes”, revelou Moura. Para ele, o trabalho para fortalecer medidas para estas faixas de idade vai continuar no próximo governo.
Nesta quinta-feira (10), no Dia da Juventude e do Futuro na COP27, os três jovens brasileiros levarão sua contribuição para fóruns do encontro, que vão permitir a troca de experiências com a juventude de todo o mundo.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância trabalha em alguns dos lugares mais difíceis do planeta e atendem crianças mais desfavorecidas. O trabalho do fundo cobre 190 países e territórios.
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